Artes e Cultura – Decadência e Renascimento
As artes, e a cultura de um modo geral, encontram-se em decadência? Ou trata-se apenas de uma crise temporária de criatividade? São perguntas desafiantes à procura de respostas convincentes. Para muita gente, neste momento da história da humanidade, todas as formas de expressão cultural encontram-se num nível muito baixo, aquém de outros tempos.
No caso específico do Brasil, há quem diga que estamos vivendo um medievalismo cultural, com a conivência do próprio governo. Penso que essa postura oficial apenas agravou uma situação recorrente já há algum tempo.
Esse declínio parece assumir uma proporção mundial. É o que se pode deduzir das manifestações de intelectuais e críticos de arte de renome internacional.
O escritor peruano Mario Vargas Llosa, Prêmio Nobel de Literatura de 2010, lamenta esse descompasso entre a cultura na qual muitas gerações foram criadas e a realidade encontrada hoje em dia. E faz questão de enfatizar que não se trata de mero saudosismo. Essa crítica ao rebaixamento da cultura, ele a faz em seu livro “A Civilização do Espetáculo”. Llosa afirma, em sua obra, que essa é a civilização de um mundo onde a prioridade na escala dos valores urgentes é ocupada pelo entretenimento, onde divertir-se, escapar do tédio, é a paixão universal.
Frans Krajcberg, artista plástico polonês, naturalizado brasileiro, falecido em 2017, também afirmou que “as artes vivem uma decadência cultural mundial” e que “há um grande vazio no movimento artístico”.
Voltando a Mario Vargas Llosa, ele vai mais longe ainda em suas críticas ao afirmar que pior que a decadência, é a banalização da decadência. E, segundo ele, isso vem ocorrendo. Para onde caminhamos, então?
A respeito desse fenômeno, nem todas as opiniões são pessimistas. Para alguns pensadores, essa decadência representa o final de um ciclo e um futuro recomeço, cujas bases ainda não são identificáveis. Estaríamos vivendo num limbo, uma fase de transição entre dois ciclos, uma espécie de caos, onde dormitam as sementes de uma nova ordem cultural. Seria algo como uma revolução estética, antecedendo um novo Renascimento. Oxalá estejamos caminhando nessa direção.
Por Gilberto Silos
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