Esse mundo complexo em que vivemos tornou-se também o mundo dos excessos. Palavras como moderação, discrição, equilíbrio, perderam relevância. Em plena Era da Comunicação percebemos uma necessidade exacerbada de falar, contatar, opinar, mesmo sem fundamentação no bom senso. E as redes sociais estão aí para facilitar esse “escoamento” de palavras.
Há que respeitar o livre direito de expressão, uma prerrogativa dos cidadãos numa sociedade democrática. Todavia, é saudável dar uma “peneirada” nesse universo da comunicação; ponderar sobre o que é comunicado, informado ou simplesmente comentado, mesmo nas rodas informais de conversa. Atentar com visão crítica para a qualidade, veracidade e importância do conteúdo comunicado. Significa atenção para o que é construtivo e pode contribuir para tornar mais ameno o nosso já tão conturbado cotidiano,
Não estamos nos referindo somente aos meios de comunicação como rádio, televisão, mídia impressa e redes sociais. Incluímos também a interlocução entre as pessoas. Está na moda a expressão “jogar conversa fora”, que também pode ser interpretada como “banalização da palavra”.
Há uma distância entre a tagarelice inútil e o diálogo construtivo, a ponto de os debates ou simples trocas de ideias entre as pessoas terminarem em agressões verbais. Perdeu-se a capacidade de ouvir. Se não coincidirem, o “outro” não é mais considerado um interlocutor, mas adversário. Sua opinião, por fundamentada que seja, é considerada um “atentado ao monólogo”.
Assim, em algumas circunstâncias, é preferível o silêncio. É menos desgastante. Não rouba a paz interior de quem não está disposto a alimentar a vaidade das pessoas cujo prazer é impor suas pretensas verdades absolutas.
Silenciar não é simplesmente calar-se ou omitir-se. Trata-se de não aceitar o jogo da tagarelice inútil, que nada constrói.
Silêncio é uma palavra mágica com sentido até de terapia, de busca de equilíbrio e retorno ao “eixo”. É uma prática saudável no dia a dia. O recolhimento a um lugar tranquilo, onde as emoções e a mente se aquietem, é o ideal. Mas, não é necessário o isolamento de uma caverna ou monastério. Pode-se praticar em qualquer momento ou lugar. Basta não se deixar envolver ou pressionar pelo que acontece ao redor. Abre as portas para uma reflexão profunda sobre nossas vidas. É uma forma de prece sem qualquer conotação religiosa.
Por Gilberto Silos.
Faça um comentário