A igreja como empecilho para a paz social.

A igreja como empecilho para a paz social.

Sem dúvida alguma, a guerra entre Roma e os judeus, teve como vencedor (no campo cultural pelo menos) os israelenses, estes, deixaram como legado o cristianismo, que nada mais é do que uma adaptação da crença fechada judaica de que eles são o povo escolhido, ao ocidente divido entre Patrícios, plebeus e escravos. O resultado foi a criação de uma sistema de crenças religiosas moralmente limitado e acima de tudo, que tende a alienação de seus seguidores ( não é a toa que para muitos a religião cristã é uma religião de escravos). Desde seu início a Igreja cristã cometeu inúmeros crimes (pecados).  Caçou leprosos, judeus, mulheres, ciganos por manterem relações com o mal (aquilo que não era de DEUS). Escondendo na verdade sua busca por uma dominação ideológica, que se refletiu tanto de forma política, cultural e econômica em todo o ocidente.

Depois da inquisição, a igreja também legitimou o a escravidão dos negros africanos, antecedendo no campo intelectual a eugenia, na questão da legitimação de uma raça sobre a outra, baseando-se em características superficiais. Mais tarde a igreja também se calou frente ao holocausto nazista. Isso sem contar as igrejas protestantes, onde reina a ambição e o preconceito contra outros sistemas religiosos.

Não acredito em nenhuma religião, acho todas embebidas demais em seu próprio veneno para terem alguma legitimidade enquanto filosofias de vida. Um exemplo de como premissas religiosas limitadas como as que emergem do cristianismo interferem no processo histórico de construção de uma sociedade mais justa pode ser encontrado na recente polêmica em relação ao processo de inclusão dos homossexuais no mundo dos quadrinhos de super-heróis.

Primeiramente, não há dúvida alguma que tal iniciativa é de caráter estritamente econômica (capitalista), visando apenas aumentar o número de revistas vendidas. O que faz com que toda a legitimidade de um discurso acerca da diversidade nestes quadrinhos seja nublada, já que a intenção é apenas vender. Mas como nos anos 70, onde as discussões acerca da questão racial tomaram conta do cenário e os quadrinhos acabaram por auxiliar na divulgação da questão, mesmo que estes personagens tenham sido criados sobre a mesma lógica dos personagens gays, lucro.

O problema, de tudo isso, é que o fato em questão gerou tanto nos EUA quanto aqui, ações reacionárias de um grupo, não tão pequeno de conservadores cristãos, que baseada em sua moral ambígua, já que uma breve reflexão sobre qualquer religião cristão terá como resultado, pelo menos uma série de questionamentos sobre sua trajetória histórica. Como por exemplo, como a igreja católica brasileira e alguns de seus fieis foram declaradamente a favor do golpe militar de 1964?Ou, qual é a moral de um indivíduo que abusa sexualmente de crianças, para escutar meus pecados?  Deixando-se assim uma certa ambiguidade no ar. Ao se colocarem contra tal ação, afirmando que esses personagens poderiam influenciar crianças e adolescentes a se tornarem gays.

Como, alguém pode se tornar algo apenas por se identificar com algo, quando criança por mais que imitemos nossos heróis, isso é apenas parte do jogo de brincar, nos momentos fora isso a criança continua sendo o João, o Zé, etc. De outra forma imagine quantas crianças não chegariam a adolescência acreditando que na verdade eram o Homem-Aranha, um  Power Ranger, etc. Indo além, a sexualidade de uma pessoa é algo mais complexo do que se pensa, não há como argumentar que um quadrinho, determinaria o comportamento sexual de uma criança, são precisos outros tantos estímulos do meio cultural e social onde o indivíduo se encontra para que isso realmente ocorra.

Não acredito de forma alguma que esses quadrinhos vão sozinho mudar alguma coisa em nossa sociedade, até porque o que se expõe com esses personagens são seus relacionamentos, raramente demostram os obstáculos em ser viver de forma livre, em sociedades supostamente livres, que os homossexuais enfrentam.  Mas, se pelo menos, esses quadrinhos lançarem luz a questão, fazendo com que cada vez mais pessoas se manifestem, quem sabe algo não mude, se mais questões relevantes fossem discutidas de forma coerente e balizada, respeitando todos as perspectivas sobre o tema, quem sabe, já não haveríamos superado o problema da concentração de terra, do racismo, da desigualdade social, da violência urbana, da tortura policial, da corrupção política, da ineficiência da instituições sócias e resolverem os problemas sociais,  da destruição do meio ambiente, da melhor organização do transporte público, do acesso a moradia, dos direitos dos ciclistas, do direito das mulheres, da liberdade de expressão e tantos outros.

Em minha opinião, acredito que, a moralidade religiosa age como uma forma de “negação da negação”, onde a fim de mantermos nossa realidade intocável (realidade de desigualdade e violência, que o consumo muitas vezes esconde), adotamos um modelo explicativo de mundo que além de limitar, passa a negar os aspectos dissonantes da realidade ( aspectos que denunciam essa realidade perversa), visando com isso não ruir com a estrutura social em vigor, já que ser homossexual não é um problema político, social, mas sim de contornos religiosos.

 Rodolfo Salvador

05062012

Comentários:

Caro Salvador,
muito bem!
O texto acima parece uma súmula.
Para dominar devemos dividir e confundir o alvo a ser dominado.
Seja quem for o dominante ele utilizará desta ciência.
O judeu é massa de manobra para uma elite e as igrejas do tipo cristã sempre foram utilizadas para o controle social; até aqui nada de novidade, certo?
Um grupo bem organizado, que se prepara há séculos para uma agenda de acontecimentos que resultem num determinado resultado só tem o que comemorar.
Compreender o que está acontecendo pode acontecer com qualquer um que faça uma reflexão mais aprofundada dos acontecimentos históricos.
Se tudo é ilusão, todas as causas também são. As ideologias que unem pequenos grupos só servem para separá-los de todos os outros em algum momento.
Existe um regente que une e desune grupos e faz com que se voltem uns contra outros para servir a algum propósito incompreensível à maioria dos goy, bois humanos, animais que pensam (ou que deveriam pensar).
É aí que devemos fincar mais atenção.
Grato pela provocação.

Perdão, minha volta se dá tardia.
Igreja ou igrejas não é religião.
Planos de dominação todos temos; mesmo que sejam modestos; mesmo que sejam bobinhos.
Alguns fazem com utopias um estrago histórico incontável, tanto que a história não conta.
Quanto ao regente, ora, observemos como a banda toca. Ele não é uma pessoa, somente uma. O chamado Principe Deste Mundo é uma organização sem sede social, mas podemos analisar alguns clãs bancários, os do Clube de Bilderberg, os detentores do controle da mídia mundial, etc. Estes também tem as Igrejas Cristãs nas mãos e se utilizam delas para migrarem grandes capitais sem impostos pelo mundo afora.
Mas isso é um tema pra outra hora…
Parece que a provocação reverberou!
Atenciosamente
Paulo 

Em tempo…
O caso da homossexualidade eu não domino, talvez infelizmente eu não saiba nada sobre isso.
Acredito que um pensador “moderno”, entre vivos, o Dr Norberto R. Keppe, possa explicar um pouco sobre isso. Idem….(Paulo)

Em resposta a Paulo Pinheiro

Caro amigo Paulo, não escrevi esse meu texto com base em nenhuma receita, uma vez que a idéia acerca da História “Magistrae Vitae” é no mínimo inconcebível, o conhecimento do passado serve para nos fazer pensar acercas dos eventos, nunca como prognóstico. Logo, não acredito que haja no mundo nenhuma instituição que tenha um plano de dominição para o mundo. Acho que, essas instituições, que historicamente no ocidente mantiveram o controle de parcela significativa das formas de produção souberam de forma bastante inteligente se incorporarem ao capitalismo, alterando seus discurso em nome do mercado, pense no Padre Marcelo, nas igrejas que passam máquinas de cartão de crédito, etc.
Sobre a questão da reflexão, bem, pergunte a um cristão como surgiu o universo, possivelmente ele lhe contará a história do gênesis, agora e se ele tivesse que responder a um questão de vestibular, qual seria a resposta se ele quisesse passar?
Logo, a igreja é algo démodé no quesito explicação das questões filosóficas que a milênios nos importunam. Porém, o acesso a esse tipo de conhecimento, no Brasil, assim como em quase todos os países de terceiro mundo, é completamente ineficiente, veja só a questão das greves que atingem cerca de 70% das instituições de educação pública do país nesse momento e que lutam por uma melhor infraestrutura, entre outras pautas. Sem acesso a educação, a possibilidade de ser usado como massa de manobra por instituições,devido ao fato de que decidimos acreditar que existem dez pecados, ou que não devemos comer carne de vaca, ou que se eu explodir um restaurante cheio de infiéis que eu vou para o céu é bem maior.
Agora, eu não consegui compreender seu último parágrafo, mas acredito que não somente os gays que são bois humanos, a maioria das pessoas o somos, mais ainda bem que no meio de oceano de manipulação tenhamos espaço para discussões como essa. não é mesmo????
Valeu Paulo.

Fala Rodolfo!
É isso aí cara, os quadrinhos deram espaço para os negros com o passar do tempo, inserindo personagens como Luke Cage e a Tempestade, por exemplo. Mas, mesmo assim, a sociedade não engole bem isso quando levado ao extremo, como o fato do Homem-Aranha no Ultimate Universe ser negro gerar bastante controvérsia.
E a Igreja sempre terá sua imagem manchada de sangue, por ter vivido significativa parte da história da humanidade como motor do capitalismo. Mas não dá pra exigir muita racionalidade e idoneidade de uma instituição que prega que o homossexualismo é pecado, PROÍBE o uso da camisinha e cujo líder, adornado de kilates de ouro em meio ao seu palácio idem , prega a igualdade, a humildade e a solidariedade. Matheus O

Curti o texto Rudolfs. AGora vamo pros comentários: Eu não acho que a proposta de um quadrinho com temas mais diversos tenha caráter estritamente economico, visando o lucro das vendas. Até porque, qdo esses tipos de mídias passam a divulgar estereótipos que nunca são valorizados o aumento das vendas nao deve ser mt grande, afinal, estão se enfiando num emaranhado de temas q ganham tabus justamente por sofrerem preconceito da sociedade q de uma certa forma ainda é mt machista. E é por isso mesmo que eu acho q as vendas não aumentam, (apesar de causar curiosidade e gosto por aqueles que se interessam pelo assunto e são por assim dizer anti-racistas), porque ainda existe uma argamassa social q impede a abertura para discussões sociais q deveriam ser consideradas normais mas que o povo insiste em abafar ou tratar como se fossem problemas. por conta dessa argamassa pode ter mt criança com vergonha de comprar um gibi q tenha um casal gay na capa pq o amiguinho vai zuar; e um pai que não quer comprar o gibi pro filho, pq isso não é quadrinho pra meninO ler, n é coisa “de homem”. Taí, a safra dos quadrinhos que pretendem abrir espaços pra esses debates será valorizada e mts vezes consumida sobre o viés de alguém que tenha a mente aberta como a sua e resolva tratar do assunto sem abafar e fingir q não existem problemas. Repito, problemas que existem, só e somente só, pq as pessoas insistem neles próprios. E daí persistem por vários motivos, motivos esses sitados por vc no texto, um deles é o fanatismo religioso q impede a crítica produtiva sobre os costumes de uma sociedade tão conservadora como a nossa. Daí eu acho q não entra só a religião cristã, mas tantas outras que neguem a igualdade entre os seres, seja ela de gênero, de raça, social…enfim. Acho q a proposta da revista foi realmente a de abrir as portas pra temas que já deveriam ser argumentados há muuuito tempo e só agora que a diversidade é um tema q está mais em voga (devido a tantas marchas e bocas-no-trombone) q a mídia resolveu parar de evitar para dar visibilidade (e eu acho q não é nem o mínimo) e mostrar a REALIDADE plural do mundo em q vivemos. Desirée

Olha o tema mexe com os sentimento de muitas pessoas ! Por isto opinarei com cuidado.Olha não acredito na pessoa que é muito religiosa sim , porém não acredito na pessoa que é muito cética também.Para tudo deve haver um equilíbrio , não que o seu texto não seja bom e esclarecedor .Tudo na vida para mim é questão de como as pessoas vêem as coisas . Não acredito que a religião seja um mal tão grande assim . Pessoas religiosas são pessoas mais felizes e compreendem melhor a vida , compreendendo melhor a vida com suas facetas de dificuldades e argúrias podemos assim ficar em paz e a paz nos traz felicidade.No mais segue em frente e não deixe continuar escrevendo. Gesiel Nunes Machado.

Em resposta a gesiel nunes machado

Gesiel, não se precisa de uma fé em algum deus para ser feliz, a felicidade segundo alguns, reside no fato de termos uma vida onde haja espaço para a reflexão, essa tanto dos aspectos micros, como os problemas da vida cotidiana, como dos aspectos macros, como a reflexão acerca da origem do universo. Outro componente para a felicidade é a auto-reprodução, ou seja, de alguma forma o indivíduo deve conseguir existir (fisicamente e mentalmente ou espiritualmente) tendo total acesso a reprodução dessas condições por conta própria. Outro ingrediente são os amigos, neste caso, entendida como mais amplo do que comumente, a amizade deve ser entendida como uma conexão entre duas pessoas. Basicamente é isso, não é atoa que essas prerrogativas acerca da felicidade são figuras comuns em propagandas de cerveja, carros, apartamentos, etc. O capitalismo de forma satisfatória incorporou isso a sua arma mais potente, a propaganda.
Logo, felicidade não se deve ao fato de sermos ou não religiosos, concordo que uma pessoa religiosa é feliz, mais muitas vezes, porque essa mesma religião oferece para ela respostas ao seus anseios, coisa que a educação de qualidade também poderia oferecer.
Não é nada estranho que sociedades onde a educação se desenvolveu com alguma eficácia, e as ciências consiguiram vencer alguns tabus, o número de pessoas não religiosas é alto.
Dessa forma, afirmo, eu sou feliz porque dentro da minhas faculdades mentais consigo compreender alguns eventos e me perguntar sobre outros, que por sua vez, são essas perguntas que me movem. Não consigo acreditar por outro lado, que acreditar que existe um deus, que de seu reino perfeito (sem nenhum problema) julga minhas ações se baseando em dez leis e que caso eu não as cumpra me condenará a sofridão eterna me torna uma pessoa melhor, ou mais feliz.
Obrigado pela discussão…..
Valeu

Rodolfo, parabéns! Um texto muito interessante acerca dos quadrinhos e sua relação com as religiões. Uma reflexão profunda e polêmica, já que causa variadas opiniões acerca desse assunto. Bom, estava lendo os comentários e vi o seu sobre o Paulo Pinheiro e o último parágrafo que ele se refere aos GOYS. Só gostaria de dizer que os Goys é um termo hebraico utilizado para definir os gentios. Quer dizer, todo aquele que não pratica a religião judaica, é um gentio. Apenas para não se confundir com Gay…
Abração!
Elizabeth

Em resposta a beth

essa eu não sabia….até cometi o erro que vc me indico

Concordo Rodolfo que a igreja faz parte de uma ideologia dominante que não quer colocar em questão suas formas de conceberem e controlarem o mundo. Não querem que as formas de relação mudem, nem que apareçam outras consideradas por ela “hereges”, para não mudar a hierarquização da elite machista, branca e heterossexual…. é claro também que a questão da “polêmica = lucro” é pertinente para pensarmos o porque desse bafafá a respeito das revistas e das instituições que promovem o ódio contra as ações pró- LGBT, acredito que da mesmo forma foi a recepção das revistas quando começaram a colocar temas com drogas, questões de gênero, etnia-racial ou violência urbana…

Mas sei também que por mais que as grandes editoras se lancem atrás do lucro do “pink money” (termo referente a uma considerável crescida no padrão de consumo de cidadãos homossexuais), eles não são idiotas para levar isso para uma discussão verdadeira sobre movimentação social ou sobre homofobia e muito menos para grandes conscientizações sociais, acredito que o surgimento dessas vertentes mais abertas sejam mais de reconhecimento de um veículo de informação que tem de a refletir seu contexto numa sociedade plural, do que por uma identificação com uma causa marginalizada…

Acredito que por mais que a produção de quadrinho mudem Luke Cage, coloquem Lanterna verde negro, Tempestade como rainha na África, Homem aranha negro, mulheres com tendências bissexuais, ou/e feministas ou gays assumidos… nunca alcançarão os seus maiores investimentos, não, pois os seus maiores investimentos são para o HOMEM de ferro, o super HOMEM, o batMEN e o CAPITÂO américa, todos que por mais que gentis a causa de “todos”, serão sempre homens, brancos, heterossexuais e bem resolvidos financeiramenteBR. Isabela

Gostei das ideias, a igreja vem sempre com esse tipo de balelas, acho que a inclusão do tema nos quadrinhos não influenciará em nada a “opção” sexual de crianças, só ajudará a tornar coisas normais como devem ser vistas, sem preconceitos, como amor ou sexo ou auto-conhecimento ou ainda, sexualidade, simples e puramenteLuana

Sobre Elizabeth Souza 419 Artigos
Elizabeth de Souza é coordenadora e editora do Portal Entrementes....

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