“No princípio era o Verbo e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus.”
(Evangelho de S. João)
(Trechos extraídos do livro de Jorge Adoum, “A Magia do Verbo ou o Poder das letras”)
1. Pitágoras disse: Deus geometriza. Pode-se, também, acrescentar: por meio do Som. De acordo com essa teoria pode-se deduzir que os sons estão determinados pelos princípios absolutos das matemáticas.
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Os sábios da Antigüidade serviram-se dessa música geométrica para explicar suas concepções cósmicas, consubstanciada na teoria que esclareceu a geração dos intervalos e das interseções por meio da relação existente entre as distâncias harmônicas dos planetas.
Segundo esta teoria, as notas Dó-Ré correspondem à distância entre a Terra e a Lua. Ré-Mi, à distância entre a Lua e Vênus. Mi-Fá, à distância entre Vênus e Mercúrio e assim por diante com relação às demais notas e planetas.
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2. O movimento de cada planeta produz uma nota correspondente à posição ocupada pelo astro e Pitágoras chamou tais sons de «música das esferas». Tal música, com seus sons, regula e anima as manifestações da vida em cada mundo.
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3. Todo corpo vibra e, conforme o número de ondas emitidas por segundo, ele indica a natureza do som produzido ao vibrar.
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A Ciência obteve a Escala de Vibrações e comprovou que seus valores progridem de 0 a 16.000.000 ciclos por segundo. Nosso órgão auditivo só pode perceber de 16 a 32.000 ciclos, sucedendo tal coisa tanto com os sons, como com as cores. Dispomos de ultra-sons e de infra-sons, que não excitam nossos ouvidos, assim como dispomos do ultravioleta e do infravermelho, no campo cromático, que não afetam nosso órgão visual.
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4. Todos os sons, audíveis ou não, provocam reações que, repetindo-se, vão, com o tempo, modelando nossa personalidade e sugestionando-nos para sentir e pensar conforme a índole dos mesmos. Entristecemo-nos ante uma marcha fúnebre, enquanto um hino marcial provoca e excita nosso ânimo. Isto demonstra, conforme já comprovado, que o som afeta, provoca e ativa reações químicas, exercendo certa influência em nosso organismo e moldando nossa personalidade.
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5. Todos os corpos são sensíveis às vibrações sonoras, sendo que cada um deles tem sua própria freqüência vibratória e nem todas as freqüências são audíveis ao ouvido humano.
Há uma infinidade de corpos que emitem sons não captados por nossos ouvidos. Ora, se passamos o arco sobre uma corda vibrante do violino, produzimos uma vibração que é proporcional à sua longitude e será tanto mais baixa ou mais alta quanto maior for o número de vibrações emitidas por segundo, daí resultando sons mais agradáveis se tais sons forem mais variados. Os acordes que acompanham a nota fundamental são os que proporcionam maior riqueza de sons.
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6. Todos os corpos são sensíveis às vibrações sonoras e todos têm capacidade para gerá-las e de ser afetados por elas.
Se passarmos o arco de um violino sobre um copo, este soa, e podemos reduzir esse som despejando água nele ou, melhor do que” água, álcool ou éter. Se, em tais condições, passamos novamente o arco sobre sua borda, além de produzirmos um som correspondente ao espaço vazio do copo, veremos formar-se, no líquido, uma série de gotas que saltam e formam uma espécie de estrela.
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7. Tome-se de uma lâmina de cristal suspensa sobre um cone de cortiça, de modo que suas extremidades fiquem no ar; recubra-se a lâmina com pó de licopódio ou areia fina e passe-se o arco do violino por um de seus lados. O som ou ressonância fará com que a areia fina forme uma estrela parecida com aquela que apareceu no copo d’água.
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8. Tapando a parte superior de um recipiente com uma pele de tambor ou com uma placa de látex e colocando-se um dispositivo em forma de funil que estabeleça comunicação com o interior, teremos criado um admirável instrumento ressonante.
Espargindo sobre o látex uma camada finíssima de areia e emitindo em seguida um som, colocando a boca perto do funil, a areia formará uma série de figuras de caprichosos desenhos. Ao modificar a nota, modificar-se-ão os desenhos. Substituindo a areia por pós de licopódio e um pouco de glicerina e ao emitir um nome próprio sobre a boca do funil, a voz formará um quadro que retrata graficamente o conjunto dos sons emitidos.
Mais ainda: cada letra do alfabeto forma, ao ser vocalizada, um conjunto diferente da outra e segundo o tom com que é pronunciada. Tudo isto justifica, cientificamente, a influência do som sobre a matéria.
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9. O Dr. Knudsen, da Universidade da Califórnia, dispondo de uma câmara subterrânea e de aparelhos de Física adequados à geração de freqüências mais baixas e mais altas, obteve grande série de fenômenos, entre os quais os seguintes:
a) Atacado por certas freqüências ultra-sônicas, um recipiente de vidro contendo água entrou em ebulição sem produzir calor.
b) Colocando uma varinha metálica no interior de um circuito e fazendo incidir sobre ele certas freqüências ultra-sônicas, houve aumento de temperatura comprovada por termômetro e produzindo queimadura intensa se tocado com o dedo.
c) Com a mesma freqüência e por meio de determinados sons, o azeite, que normalmente flutua n’água, converteu-se num líquido que se homogenizou com a mesma.
d) Sem aumentar a temperatura de um ovo, pode-se cozê-lo e assim conservá-lo fresco durante alguns meses. O mesmo acontece com as frutas.
e) Determinadas bactérias resistentes ao calor e ao frio intensos morrem rapidamente quando submetidas a certas freqüências ultra-sônicas.
f) As sementes de algumas plantas aceleram o processo de germinação e amadurecimento ao serem submetidas a determinadas freqüências vibratórias.
g) O ultra-som, em química, atua sobre a fécula, decompondo-a em dextrina e, em diversos vegetais, converte-os em acetileno.
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10. De todo o exposto deduzimos:
a) Todo corpo tem a propriedade de gerar e reproduzir freqüências que se harmonizam com o seu próprio sistema vibratório.
b) Todo som atua com suas vibrações sobre os demais corpos.
c) O som afeta o ordenamento molecular.
d) O som influi nos processos físico-químicos.
e) O som modela as formas geométricas.
f) O som provoca fenômenos de atração e repulsão.
g) O som influi na coesão orgânica da matéria.
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11. Pode-se considerar ou imaginar o sistema planetário como uma gigantesca citara e cada planeta emite, em sua posição, uma nota correspondente ao setor que ele ocupa na longitude da sua corda. Dessa maneira, podemos imaginar o que Pitágoras chamou de «música das esferas».
Essa música, além de influenciar a matéria, como vimos anteriormente, também exerce influência nas correspondências físicas e mentais do ser humano.
Continua no próximo post
2018
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