A velha foto na gaveta

A velha foto na gaveta

Aquela velha foto, tempos atrás encontrei-a no fundo de uma gaveta. Jazia esquecida, como se fosse um objeto qualquer. Não sei como me permiti esse deslize em relação a algo, para mim, de um valor sentimental incomensurável.
Ali, naquela foto esmaecida pelo tempo, está a imagem de meu falecido pai, envergando a farda e o capacete de soldado constitucionalista. Ele lutou nas fileiras paulistas na Revolução de 1932.
Nos tempos de infância e pré-adolescência, eu e meus amigos cultuávamos nossos heróis das matinês domingueiras e das revistas em quadrinhos. Dick Tracy, Capitão América, Zorro tantos outros foram entronizados no panteão dos heróis admirados pela sua coragem na luta contra o mal. Eles povoavam de encantamento nosso imaginário infanto-juvenil.
Havia, porém, uma diferença. Eu era privilegiado em conviver diariamente, lá em casa, com um herói de verdade, real, na figura de meu pai. Ele não era produto de ficção, pois havia demonstrado sua coragem combatendo nas trincheira paulistas. Foi o “mocinho” lutando contra os “vilões” da Ditadura Vargas, que se opunham à aprovação de uma nova constituição para o Brasil. Pegou em armas por uma causa justa. Isso, para mim, sempre foi motivo de orgulho. Ele, que foi meu pai-herói.

Por Gilberto Silos

 

Sobre Gilberto Silos 229 Artigos
Gilberto Silos, natural de São José do Rio Pardo - SP, é autodidata, poeta e escritor. Participou de algumas antologias e foi colunista de alguns jornais de São José dos Campos, cidade onde reside. Comentarista da Rádio TV Imprensa. Ativista ambiental e em defesa dos direitos da criança e do idoso. Apaixonado por música, literatura, cinema e esoterismo. Tem filhas e netos. Já plantou muitas árvores, mas está devendo o livro.

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