A vida, segundo uns e outros

 

A vida, segundo uns e outros

Aristóteles, na antiguidade, e Carl Sagan, na contemporaneidade, entre tantos outros, tentaram definir o que é a vida. Até hoje não se chegou a uma definição que convença a gregos e troianos. Não há consenso a respeito. Unanimidade idem, embora Nelson Rodrigues tenha afirmado que “ela é burra”.
Nos remotos tempos de minha juventude, lá em Casa Branca, conheci João “Ciência”, um filósofo do povo. De profissão era lenhador. Entre uma um golpe de machado e outro, parava e matutava. Um dia definiu o que era a vida, em sua opinião: “A vida é um pau de sebo com uma cédula falsa na ponta”. Para Bill Gates e Elon Musk há controvérsias.
Bem, se não se chega a uma definição sobre vida, muitos pelo menos já disseram o que pensam dela. O jagunço Riobaldo, personagem de “Grande Sertão – Veredas”, obra-prima de Guimarães Rosa, arriscava seus palpites:
“A vida é cheia de passagens emendadas”. “Viver é um descuido prosseguido”. “A gente morre é para provar que viveu. Viver é muito perigoso, sempre acaba em morte”. ” Vivendo se aprende, mas o que se aprende mais é só fazendo outras maiores perguntas”. “Viver, o senhor sabe, viver é etc”.
O grande Machado de Assis, observador arguto do cotidiano e das pessoas, com aquela sutileza mesclada, às vezes, com fina ironia, também deu seu “pitaco” em várias de suas obras:
“A descrição da vida, não vale a sensação da vida”. “Leitor, o mundo está para ver alguma coisa mais grave do que pensas. Tu crês que a vida é sempre isto, um dia atrás do outro, as horas a um de fundo, as semanas compondo os meses, os meses formando os anos, os anos marchando como batalhões de uma revista que nunca mais acaba. Quando olhes para a vida, cuidas que é o mesmo livro que leram os outros homens – um livro delicioso ou nojoso, segundo for o teu temperamento, a tua filosofia ou a tua idade”. Tudo são instrumentos nas mãos da vida”. “A vida tem os seus direitos imprescritíveis; primeiro os vivos e os seus consórcios; os mortos e seus enterros que esperem…” “A vida é uma lousa, em que o destino, para escrever um novo caso, precisa apagar o caso escrito”.
O apresentador Marcelo Tas, certa vez foi entrevistado por Antonio Abujamra no programa “Provocações”. Perguntado sobre o que é a vida, respondeu sem pestanejar: “A vida é um momento entre duas respirações”. A resposta pode parecer simplista ou óbvia demais, mas não é. Entre duas respirações coisas acontecem.
Quanto a mim, se perguntarem sobre a vida, respondo: “só quero viver”.

Por Gilberto Silos

Sobre Gilberto Silos 225 Artigos
Gilberto Silos, natural de São José do Rio Pardo - SP, é autodidata, poeta e escritor. Participou de algumas antologias e foi colunista de alguns jornais de São José dos Campos, cidade onde reside. Comentarista da Rádio TV Imprensa. Ativista ambiental e em defesa dos direitos da criança e do idoso. Apaixonado por música, literatura, cinema e esoterismo. Tem filhas e netos. Já plantou muitas árvores, mas está devendo o livro.

2 Comentários

  1. Brilhante, Gilberto nada com a gente entre as letras com boa respiração e cadência, não se afoga ao meio, não nos faz nadar de costas, mira a praia com respeito e chega mais cedo que pode, embora ainda queríamos com ele nadar.

  2. Meu querido amigo Gilberto, tão linda a sua reflexão!
    Viver, viver, viver e existir…eu sempre busquei a inexistência, mas lamento informar a mim mesma, que talvez não consiga. Também vou dar meu pitaco: Como diz o Chaves, vivo sem querer querendo.
    Grande abraço!

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