Ano novo sem mundo novo
Por Teresa Bendini
Feliz Ano velho prá vocês. E não adiantará fugir do que tem de velho nele. Dessa vez terão que carregar o velhinho, a não ser que vejam isso com leveza. E essa estratégia pode ser, isso sim, algo novo. Porque o ano acaba sendo aquele em que tudo se repete. Ele é velho nesse sentido. Os mesmos problemas, as velhas lamentações, os medos de sempre. As preocupações podem ser outras, mas as tensões vividas, isso não é nada novo. Medos, medos, medos. A ganância imperando, o capitalismo cada vez mais demente, nada muda, nem mesmo o endereço. O endereço é a raça humana, o planeta terra, se preferirem. Desolação, miséria e injustiças, tudo igual. Então o que fazer para deixar feliz o nosso pseudo “Ano Novo”? Como injetar nele alguma novidade? Alguma mínima certeza de mudança? O que fazer para que venha o encantamento? Onde há de brilhar o SOL? O que seria de fato novo? O agro vai continuar matando, os milionários que possuem o poder de parar essa loucura não vão pensar diferente, a política vai continuar se rendendo à economia, onde então vai se encontrar o que é novo? Será que estou vendo uma agulha no palheiro? O passarinho verde? Poderia achar nesse mar de insensatez uma boa vontade, uma vontade que seja soberana. Uma Boa Nova reinante? O que teria que acontecer nesse ano “quase nascido” para ele ser, de fato, celebrado como novo? Não é fácil levar o peso de nossas dores diárias. Creio que a novidade está em reinventar estratégias de boa convivência com o outro e com a gente mesmo. Não deixe nunca a dor andar, arranque as pernas dela. Tire dela a raiva que a faz ser maior do que realmente é. Invente formas de suavizar sua estadia. Use algumas estratégias. Nisso consiste a novidade.
Feliz ano novo, me faz pensar em desejar pequenas coisas, pensar em pequenas transformações pessoais, dos filhos, dos amigos, dos parentes, minhas, obvio, mudanças simples. E de cada um. Ano novo seria novo, se as mentes ficassem mais calmas e complacentes, empáticas e amorosas. Saibam que compreender a desolação imposta, as frustrações diárias, as dores vividas, tudo isso nos faz ser apenas caminhantes. Abrimos esse caminho difícil com um passo após o outro, passos de formiguinha, mas com braços fortes e estendidos e principalmente com nossa fé revolucionária. É incrível como ela se renova à cada dia. À cada passo um sorriso aberto, vontade de abraçar de se confraternizar e é nisso que nós nos apoiamos. Nosso ano será novo se passarmos a não idealizar tanto. Sentir-se grato é uma boa estratégia para impedir a dor dos dias, não leve a dor para passear com você, não a deixe entrar nos seus melhores momentos. Aprecie e valorize a singularidade de cada instante. Busque a simplicidade em tudo. Eis a novidade que me faz pensar o novo Ano, como NOVO. Inventar estratégias novas para enfrentar o árduo. (somos bons nisso).
Sim, é com essa capacidade inventiva que seguimos confiantes abrindo caminhos. Reinvente-se!
( teresa ben)
Faça um comentário