O Silêncio Terapêutico e a Tagarelice Inútil

Esse mundo complexo em que vivemos tornou-se também o mundo dos excessos. Palavras como moderação, discrição, equilíbrio, perderam relevância. Em plena Era da Comunicação percebemos uma necessidade exacerbada de falar, contatar, opinar, mesmo sem fundamentação no bom senso. E as redes sociais estão aí para facilitar esse “escoamento” de palavras.

Há que respeitar o livre direito de expressão, uma prerrogativa dos cidadãos numa sociedade democrática. Todavia, é saudável dar uma “peneirada” nesse universo da comunicação; ponderar sobre o que é comunicado, informado ou simplesmente comentado, mesmo nas rodas informais de conversa. Atentar com visão crítica para a qualidade, veracidade e importância do conteúdo comunicado. Significa atenção para o que é construtivo e pode contribuir para tornar mais ameno o nosso já tão conturbado cotidiano,

Não estamos nos referindo somente aos meios de comunicação como rádio, televisão, mídia impressa e redes sociais. Incluímos também a interlocução entre as pessoas. Está na moda a expressão “jogar conversa fora”, que também pode ser interpretada como “banalização da palavra”.

Há uma distância entre a tagarelice inútil e o diálogo construtivo, a ponto de os debates ou simples trocas de ideias entre as pessoas terminarem em  agressões verbais. Perdeu-se a capacidade de ouvir. Se não coincidirem, o “outro” não é mais considerado um interlocutor, mas adversário. Sua opinião, por fundamentada que seja, é considerada um “atentado ao monólogo”.

Assim, em algumas circunstâncias, é preferível o silêncio. É menos desgastante. Não rouba a paz interior de quem não está disposto a alimentar a vaidade das pessoas cujo prazer é impor suas pretensas verdades absolutas.

Silenciar não é simplesmente calar-se ou omitir-se. Trata-se de não aceitar o jogo da tagarelice inútil, que nada constrói.

Silêncio é uma palavra mágica com sentido até de terapia, de busca de equilíbrio e retorno ao “eixo”. É uma prática saudável no dia a dia. O recolhimento a um lugar tranquilo, onde as emoções e a mente se aquietem, é o ideal. Mas, não é necessário o isolamento de uma caverna ou monastério. Pode-se praticar em qualquer   momento ou lugar. Basta não se deixar envolver ou pressionar pelo que acontece ao redor. Abre as portas para uma reflexão profunda sobre nossas vidas. É uma forma de prece sem qualquer conotação religiosa.

Por Gilberto Silos.

Sobre Gilberto Silos 225 Artigos
Gilberto Silos, natural de São José do Rio Pardo - SP, é autodidata, poeta e escritor. Participou de algumas antologias e foi colunista de alguns jornais de São José dos Campos, cidade onde reside. Comentarista da Rádio TV Imprensa. Ativista ambiental e em defesa dos direitos da criança e do idoso. Apaixonado por música, literatura, cinema e esoterismo. Tem filhas e netos. Já plantou muitas árvores, mas está devendo o livro.

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será publicado.


*