O tempo faz mágicas emocionais!

O tempo faz mágicas emocionais!

Retirei a máscara que me protegia da peste e das fakenews. Agora sinto-me preparado contra o que pode me tirar a alegria de viver.
Fiquei saturado de morte, não sei bem como essa inércia entrou em minhas veias e atacou por dentro e por fora de minha pele, não sei pra que lado posso correr e qual analgésico poderá fazer parar a dor da perseguição. As novas cenas de empilhamento de corpos nas guerras, e a lista de mentiras que circulam nos noticiários, são novidades necessárias de se conviver, elas me trouxeram nova percepção sobre como respirar lá fora, de que forma assistir TV, e de que maneira buscar vitórias através das ruas e desafios diários.
Poderemos vencer sem mediações já que não existimos sozinhos?
Por isso não vai dar pra respirar quieto num canto.
A grande maioria de nós não está acostumado a viver só e calar um vazio que prospera de origem desconhecida, quase um nada.
Mas não há ninguém responsável pelo emaranhado de sentimentos que carregamos além de nós mesmos.
Eu decido o que sinto e ao conquistar o afeto de alguém, me torno responsável pelo que o outro sente.
No livro “Eu Controlo como me Sinto”, a neurocientista Claudia Feitosa Santana, defende que outra pessoa pode provocar situações negativas, mas a responsabilidade da decisão de nossas atitudes, é toda nossa. Professora e palestrante com doutorado pela Universidade de São Paulo (USP), e pós-doutorado pela Universidade de Chicago, ela explica como funciona nosso circuito emocional, desde o surgimento de uma emoção, até a transformação em sentimento. Ao apresentar um manual sobre o nosso processo emocional, a intenção da Dra. Claudia é fazer com que a gente se aproprie do que acontece dentro de nós.
“Tu és eternamente responsável por aquilo que sentes”.
Por vezes não somos capazes de bancar emocionalmente o que nos abre em frente aos olhos. Mas o tempo faz mágicas emocionais aos que prezam pelo esforço da mudança. Ninguém muda o outro, somente seremos alguém diferente do que éramos se decidirmos ser, começando talvez com um pedido de desculpas após uma daquelas voltas do mundo.
A morte faz um pacto conosco em nos deixar um tempo aqui, como descreveu o autor F. G. Haghenbeck no livro “O Segredo de Frida Kahlo”, que permitiu que ela vivesse o que pudesse, após tantos desafios e novas surpresas em cada amanhecer.

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Um viver tão árduo como foi o de Francis Kéré, pobre, africano, nascido em uma aldeia sem água nem luz, e precisava andar 40 km pra ir à escola. Mas graças a força de vontade escondida ganhou uma bolsa de estudos em uma prestigiada faculdade de arquitetura da Alemanha, e agora recebe o prêmio Pritzker- considerado o Nobel da arquitetura. Ao invés de olhar muito pra trás, Kéré criou pontes onde pudesse superar suas limitações.
Hora de comemorar na cerimônia de gala com convidados especiais. Porém, nada mais comove Kéré, do que a festa com as crianças da escolinha de sua aldeia.

Serpentine Pavilion 2017, projetado por Francis Kéré. Serpentine Gallery, Londres (23 de junho – 8 de outubro de 2017) © Kéré Architecture. Image © Iwan Baan
Sobre Raul Tartarotti 97 Artigos
Natural de Gramado, Raul teve formação básica em Eng. Biomédica. É cronista em diversas publicações no Brasil e exterior, impressa e eletrônica. Estudou literatura Russa, filosofia clássica e contemporânea. Suas crônicas são de cunho filosófico e social, com objetivo de trazer reflexão ao leitor sobre temas importantes de nosso cotidiano.

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