Os Idos de Março, mais uma vez

No final de fevereiro do ano passado, este portal publicou “Os Idos de Março”, crônica de minha autoria.

No texto citei “Júlio César”, drama de Shakespeare, onde se narra a morte do imperador, assassinado no senado romano com 23 facadas. Alvo de uma conspiração, Júlio César ignorara a advertência que lhe fora feita, dias antes, por um adivinho: “Cuidado com os Idos de março”. Era o ano 44 a.C. Uma das três divisões do calendário romano, os “Idos de março” eram em 15 de março.

Naquela crônica relatei algo inusitado ocorrido comigo em 1990, quando Fernando Collor de Mello, logo depois de empossado na presidência da República, congelou 80% dos depósitos em conta corrente, poupança e aplicações financeiras nos bancos. Não escapou ninguém. O dinheiro de pessoas físicas e jurídicas seria devolvido dezoito meses depois, com juros. Foi um duro golpe na vida dos brasileiros. Houve até casos de suicídio. E no final, o Plano Collor foi um estrondoso fracasso.

Dias antes eu sonhara com o velho político Adhemar de Barros. Olhos arregalados, boca trêmula, ele me alertou: “Cuidado com os Idos de Março”. Algo muito ruim pode acontecer.”

A princípio não levei a sério, mas fiquei com aquilo na cabeça. Por via das dúvidas, fui ao banco e saquei meu saldo, antes do confisco. O velho Adhemar, mesmo em sonho, acertara em cheio.

No início de março do ano passado, o coronavírus aqui no Brasil ainda era apenas notícia de jornal.  O primeiro caso registado oficialmente foi em 26 de fevereiro. Nem poderíamos imaginar o que viria depois. A partir da segunda quinzena de março começaram as medidas restritivas.  Passamos a conviver com a triste realidade da pandemia: as pessoas morrendo, o isolamento social, a atividade econômica estagnada e o governo omisso negando a gravidade da situação.

Já estamos no início de março e os Idos se aproximam.  O que mais devemos temer? O que virá agora?  Espero que tudo não passe de tolice minha.

Por Gilberto Silos

Para conferir o meu texto do ano passado:

https://entrementes.com.br/2020/03/os-idos-de-marco/

Sobre Gilberto Silos 229 Artigos
Gilberto Silos, natural de São José do Rio Pardo - SP, é autodidata, poeta e escritor. Participou de algumas antologias e foi colunista de alguns jornais de São José dos Campos, cidade onde reside. Comentarista da Rádio TV Imprensa. Ativista ambiental e em defesa dos direitos da criança e do idoso. Apaixonado por música, literatura, cinema e esoterismo. Tem filhas e netos. Já plantou muitas árvores, mas está devendo o livro.

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