Todo cambia

T O D O   C A M B I A

“Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas; que já têm a forma de nossos corpos; que nos levam sempre aos mesmos caminhos e lugares. É o tempo da travessia e se não ousarmos fazê-la , teremos ficado à margem de nós mesmos.”

Fernando  Pessoa

Heráclito de Éfeso já dizia, 600 a.C, que  “no Universo tudo flui; nada é permanente, a não ser a mudança”.

Mas, quem gosta de mudanças? Estamos nos referindo a mudanças radicais, aquelas que mexem  com a estrutura emocional das pessoas, porque nem sempre são desejadas ou planejadas. Acontecem à revelia  de vontades ou  aspirações. Ocorrem por esse ou por aquele motivo, em razão de causas óbvias ou até mesmo por obra do “aleatório”.

Às vezes as mudanças surgem como oportunidades e não como ameaças, na forma de um novo emprego, de uma nova residência ou  do rompimento de uma relação sem sentido , que até então só causava sofrimentos. Porém, nem todos estão dispostos a enfrentar riscos, a  encarar o desconhecido ou  renunciar a algo que lhes é muito cômodo.

Viver é um processo de mudança contínua. Não há como fugir dessa realidade sem causar sofrimento a si mesmo. Muita gente resiste a tentar coisas   novas ou  quebrar suas rotinas de vida, preferindo continuar naquele padrão  que oferece uma segurança ilusória, mas pode conduzir ao caminho inexorável da cristalização.

A esse medo de mudanças dá-se o nome de metatesiofobia. Há quem prefira o termo neofobia, ou seja, medo do novo. Afinal, as mudanças podem ameaçar nossas carreiras, nossos relacionamentos, nossa posição social. Ou então,   colocar em risco nossa estabilidade econômica e até nossa liberdade.

Se assim encaramos as mudanças, então é natural lhes opor resistência. Resistimos a novas tecnologias, a métodos de trabalho mais avançados, a novos costumes e formas de pensar, a redirecionar nossos planos, a rever nosso estilo de vida.

Às vezes, tragicamente, resistimos àquilo que mais necessitamos para sobreviver, como reduzir nosso consumo de energia,  economizar água,  reciclar o lixo,  evitar poluir o ar com o nosso carro. É difícil renunciar aos luxos e aos supérfluos a que já nos acostumamos.

Podemos nos  apegar a estruturas e valores desgastados, porém, não conseguiremos evitar as mudanças. No Universo tudo flui, como já dizia Heráclito. E, se os padrões do passado se mantiverem resistentes, aí sim ,  as mudanças virão, cada vez mais rápidas.

A realidade impõe  nos tornarmos mais flexíveis, mais livres em nós mesmos, para aceitar as mudanças. Mas, para tanto é necessário que abandonemos aqueles medos desnecessários.

Como começar? Talvez cantando aqueles versos de Todo Cambia (Tudo Muda), na voz de Mercedes Sosa:

“Cambia lo superficial,

                                            Cambia también lo profundo,

                                            Cambia el modo de pensar,

                                            Cambia todo en este mundo.” 

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Por Gilberto Silos

 

 

Sobre Gilberto Silos 229 Artigos
Gilberto Silos, natural de São José do Rio Pardo - SP, é autodidata, poeta e escritor. Participou de algumas antologias e foi colunista de alguns jornais de São José dos Campos, cidade onde reside. Comentarista da Rádio TV Imprensa. Ativista ambiental e em defesa dos direitos da criança e do idoso. Apaixonado por música, literatura, cinema e esoterismo. Tem filhas e netos. Já plantou muitas árvores, mas está devendo o livro.

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