
Desejo que os prolegômenos de sua vida
seja como a alvorada
da praia em que nasci:
o negro torna-se gris,
o gris vira azulado
pintalgado com os pincéis
do amarelo e dourado,
as cores despertam no céu,
o mistério e a escuridão
mergulham nas profundezas do mar
e após essa cerimônia real
ergue-se o sol
do berço oriental.
Desejo, ainda, que no momento de fenecer,
após uma provecta existência,
que seu anoitecer
seja como o poente
que acontece em minha terra
cá no piemonte da paliçada da Serra:
com as galinhas cacarejando
no terreiro do dia
e os outros viventes exercendo
a vida com energia,
o astro principal
tropeça no obstáculo
da elevada escarpa
e sem maiores delongas,
estende-se sobre o mundo
o longo manto das sombras.
Desejo que a poesia de Domingos ressoe todos os dias, de domingo a domingo, sem pausa, só silêncios de inspiração.