Já diziam alguns sábios da antiguidade que o espírito humano é um fragmento divino no luminoso seio da Consciência Universal. Comparavam-no, também, a uma pequena centelha da Chama Cósmica que o originou em tempos imemoriais.
Podemos imaginar quão longa foi a trajetória dessa centelha microcósmica no espaço-tempo, até chegar aos dias atuais. A narrativa de alguns Iluminados, ao longo dos séculos, fala-nos de radicais transformações, de avanços, quedas e adaptações, através da espiral evolutiva que trouxe o ser original até o presente estágio de consciência.
Heráclito de Éfeso (600 a.C) dizia que no Universo tudo flui: “Nada é permanente, a não ser a mudança”. A vida é feita de travessias, de pontos de inflexão e transformações, de enfrentamento de incertezas, viagens ao desconhecido e descobertas surpreendentes. A Odisseia, de Homero é uma alegoria desse movimento e processo em que a alma individualizada busca a Luz e o autoconhecimento.
Nada disso seria possível sem a assimilação das experiências decorrentes das transformações e adaptações a novas realidades. Essa caminhada inclui aparentes retrocessos e perdas para que maiores conquistas sejam realizadas. Algo sempre morre para que o novo floresça no seu lugar, no pêndulo dessa dualidade temporal.
Esse fenômeno que mencionamos pode ser observado no transcurso da vida cotidiana, desde os mais sofisticados processos cognitivos até as pequenas transformações biológicas nos elementos da Natureza. É a energia que transmuta uma lagarta em borboleta; ou a morte do espermatozoide e do óvulo para que um novo ser venha à luz. É o processo da cobra mudar a pele para dar continuidade ao seu crescimento. Podemos percebê-lo na queda e decomposição das folhas outonais a fim de vivificar a terra para que novos vegetais surjam na primavera. É o orgasmo liberando energia para que ocorra a concepção. A própria morte do homem é um bom exemplo dessa transformação e regeneração constantes.
O desfecho desse processo de evolução – se é que haverá um desfecho – é algo que foge à compreensão e capacidade intelectiva do ser humano. Podemos prever ou mesmo intuir tendências do que poderá ocorrer proximamente, mas ainda não nos é dado devassar claramente um futuro mais longínquo. Talvez o caminho a percorrer seja infinitamente longo, ou, seja ele próprio o Infinito.
Por Gilberto Silos
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