Um Sábado na Quarentena
Hoje, sábado, despertei mais tarde do que o habitual. Saí da cama depois das oito. Costumo calçar os chinelos lá pela seis e pouco, quando não o faço mais cedo. Abri os olhos ainda aturdido com o que me foi dado ver ontem pela TV. A gravação da reunião ministerial do dia 22 de abril escancarou uma situação humilhante para o Brasil. A nação assistiu um espetáculo de strip-tease ministerial, ou pior, governamental. O rei ficou nu e os príncipes também. Tivéssemos um governo sério e alguns ministros sairiam algemados da reunião. Mas, estamos no Brasil. Aqui tudo se acomoda. Para qualquer situação dá-se um jeito. Deixa prá lá que a vida segue, com rumo ou sem. E vamos em frente que atrás vem gente, mesmo com pandemia e quarentena.
Lá fora o céu está nublado. Como vivo de boas expectativas, mantenho a esperança de que daqui a pouco o sol dê as caras e traga um brilho a este dia.
Folheio o Caderno 2 do Estadão. Que prazer degustar a entrevista com o sempre brilhante Jorge Mautner. Leio também a crônica, como de hábito inteligente, de Sérgio Augusto. Ele escreveu sobre a quarentena e as semanas que continuam tendo sete dias, mas que se tornaram tediosamente indistintas. Cita um frase de Pascal que diz o seguinte: ”A tragédia do homem começa quando ele não consegue ficar sozinho sem se aborrecer consigo mesmo”.
Sérgio Augusto aproveita seu espaço no jornal para dar uma dica interessante àqueles que se sentem entediados: a leitura. Ele afirma que “a leitura é uma forma de solidão compartilhada, de diálogo à distância, de encontros de viagens imóveis. Leiam e salvem suas almas”.
Gostei da dica. Vou ler mais do que venho lendo. Talvez assim consiga salvar minha alma.
Por Gilberto Silos
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