O mundo ainda não encontrou a saída desse escuro labirinto do Covid-19. Muita gente, entretanto, anda ansiosa por saber como será o “novo normal”. É o carro na frente dos bois? Parece. O mais sensato seria preocupar-se primeiro com a imunização. Depois, como ficará o mundo pós pandemia.
O que é ou o que poderá ser o novo normal? Alguém pode responder? Por enquanto tudo se encontra no campo hipotético. Então, as respostas podem ser múltiplas, variadas, contraditórias, controversas e por aí vai. Fica ao sabor da imaginação ou da visão de mundo de cada um. Talvez um interessante exercício de futurologia.
O pano de fundo de tudo isso parece ser a incerteza quanto ao futuro; o receio de mudanças e perdas. O incômodo de compulsoriamente deixar a zona de conforto e adaptar-se a uma nova e desconhecida realidade. Em síntese, dificuldade para encarar um processo de mutação, movimento e insegurança, que fazem parte da dinâmica da própria vida.
Essa tríade, mutação, movimento e insegurança, desconhece artifícios tais como planejamento, definições, previsibilidade, estruturas. Faz parte do processo universal da impermanência, onde ciclicamente tudo se desmancha no tempo e no espaço. A única realidade é a transformação: a semente permanece só, a menos que caia no solo e morra. Se “morrer” produzirá muitos frutos.
Estamos no meio da borrasca, onde tudo pode acontecer. É o reino da impermanência, como bem retrata Shakespeare em A Tempestade, sua última obra:
“Nosso festim já terminou. Esses atores eram todos espíritos e desapareceram no ar; sim, no etéreo impalpável. Um dia, tal e qual a base ilusória desta visão, as altas torres envoltas em nuvens, os palácios, os templos solenes e todo este imenso globo, hão de dissolver-se no ar, como se deu com esse tênue espetáculo. Somos feitos da mesma substância dos sonhos e, entre um sono e outro, ocorre nossa curta existência.”
Desce o pano.
Aplausos (ou não)
The End
Por Gilberto Silos
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