Vivemos tempos difíceis no Brasil, premidos por uma pandemia, crise econômica e ameaças à Democracia. Os mais pessimistas afirmam estarmos mergulhados numa distopia. Distopia, a grosso modo, é um estado imaginário em que todos vivem em péssimas condições, desassistidos, injustiçados e oprimidos ao extremo. Chegamos a esse cenário? Entendo que não, mas é bom ficarmos de olhos abertos.
Alguém já afirmou que entre a distopia e a utopia existe o mundo real. O grande perigo é o mundo real transformar-se em distopia. Diante dessa ameaça, vejo o abandono ou desistência das utopias como um risco concreto, uma Espada de Dâmocles pendente sobre nossas cabeças.
Thomas Morus (1478 – 1535), foi um dos grandes humanistas do Renascimento. Escreveu “Utopia”, obra na qual descreve um país imaginário, cujo povo vive em condições dignas, numa sociedade pacífica, bem governada, onde prevalece a harmonia de interesses. A partir daí, a palavra utopia tornou-se sinônimo de uma sociedade ideal, imaginária, algo como um sonho irrealizável.
O escritor uruguaio, Eduardo Galeano, falecido em 2015, afirmou que “a utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos; caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para que eu não deixe de caminhar.”
Não podemos ter medo ou deixar de sonhar. Não esmoreçamos em caminhar, com a esperança sempre a seguir adiante. Necessitamos acreditar em utopias porque sem elas a existência seria uma escuridão profunda.
Por Gilberto Silos
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