Poema botânico

A árvore (genealógica) lá de casa

abria seus muitos ramos

para abrigar, também,

o cego Doquinha que tocava violão

como quem escreve um poema,

o Mané Bento que sempre aparecia pra filar um almoço

e desaparecia quando se falava em serviço,

e, ainda, um ou outro passarinho

que se achegasse aos nossos galhos.

Com todo esse desmatamento,

onde vão se abrigar, hoje em dia,

as pessoas sem eira nem beira?

 

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