Por Milton T. Mendonça
Superfície – Capítulo 2
– Fora o dia mais difícil de minha vida – dissera a queima roupa – Todos foram saindo um a um até nos deixar sozinhos sentados lá, naquela mesa enorme, toda dividida em gomos cada um de uma cor. Lembro-me que por um momento duvidei da minha sanidade. Olhei para João e ele me olhou de volta. Estava pálido. Seus olhos estavam fundos nas órbitas e sua íris brilhava como um holofote. Senti seu medo e deixei de me sentir sozinha. Acreditei que poderíamos fazer acontecer. Foi naquele momento, naquele átimo de segundo enquanto olhava para seus olhos que entendi o motivo de ter sido escolhida. Foi como se acordasse e me deparasse com a realidade. Sabia o que devia fazer… Foi uma loucura! Uma sensação de poder que me ligou como se até aquele momento estivesse desligada… Apagada. Meu cérebro acendeu como uma lâmpada.
– Levantei-me da mesa e andei pela sala. Os quatro me olharam intrigados.
– Temos de planejar o que devemos dizer na reunião da ONU – falei firme.
– Margot se levantou e veio em minha direção. Era sua função liderar e não minha. Fiquei esperando uma repreensão, mas não foi isso que aconteceu. Ela estava humilde apenas tocou meu braço e se voltou em direção aos homens sentados.
– Theófilo! – Exclamou autoritária – precisamos criar um grupo de trabalho. Temos apenas duas semanas e você é o responsável pela chancelaria.
– General! – exclamou no mesmo tom – precisamos organizar o exercito para a paz. Mas não se esqueça que vamos precisar de muita proteção.
– Vocês dois – apontou para nós – Elisa e João! – falou abrandando a voz – Aguarde instruções. Mandarei alguém levá-los a sua nova residência.
Virou-se determinada e se dirigiu à saída. Os dois se levantaram num pulo e a seguiram sem um comentário. Foi assim que tudo começou. Esses foram os primeiros passos rumo a nova civilização que mudou a face da terra e do universo conhecido.
Elisa voltou-se para o menino que a olhava com os olhos arregalados e sorriu.
– É assim que acontece quando rompemos as amarras que nos segura do lado de cá do princípio. Tudo começa fluir. A correr como um rio caudaloso impossível de fazer parar. O difícil em qualquer projeto é começar. Os primeiros passos necessitam de uma grande dose de coragem, mas nem todos a tem disponível.
– Eu continuava energizada e fiquei um pouco frustrada por ter sido deixada de lado. Meu cérebro estava pegando fogo e aproveitei o único ouvinte para jogar tudo em cima dele. João ouviu calado tudo que eu tinha para dizer. Às vezes concordava com a cabeça outras vezes me olhava com uma expressão de perplexidade. Não me lembro o que disse somente me lembro do que senti. Da fúria e da certeza que tinha na alma naquele momento. Quando terminei e me sentei ao seu lado ele me abraçou e me beijou. Fiquei espantada com sua atitude e minha primeira vontade foi dar uma tapa em sua cara desavergonhada, mas algo dentro de mim não deixou que fizesse isso.
– Logo em seguida um soldado veio nos buscar e nos levou ao alojamento na área urbana da cidade. Subimos em um daqueles prédios redondos pelo elevador panorâmico. Tudo estava calmo. Dava para ver a ponte, o porto e o mar batendo nas pedras. Fazia menos de quarenta e oito horas desde que tínhamos chegado à cidade e nesse período meu mundo havia desaparecido. Ainda estava meio zonza com tudo aquilo e talvez tenha sido por isso que deixei João segurar minha mão.
– Entrei no apartamento e fui praticamente arrastada pelas mãos até o quarto onde deveria me instalar. A moça esperava por mim sentada na poltrona próxima à janela. Levantou-se rapidamente assim que me viu e se apresentou como a secretária enviada por Margot. Entregou-me uma carta que abri imediatamente. Explicava tudo detalhadamente e nos convocava para a primeira reunião de serviço do novo regime. A moça se chamava Endeunora ou algo assim, não me lembro. Passei a chamá-la End imediatamente após as apresentações. Esse nome se mostrou profético, ela sempre fora minha escudeira fiel. Todo problema que me era encaminhado sempre encontrava um fim em suas mãos delicadas. Sinto muitas saudades dela, mas sei que está feliz vivendo em Ganimedes.
– È por isso que vamos a Ganimedes, bisa?
– Não, mas vamos encontrá-la… Esse é meu presente de aniversário para você, meu querido. Você não me disse que queria ver a terra do espaço? Pois vai ver de Ganimedes…
Muai abraçou Elisa e beijou seu rosto.
– Obrigado biselisa esse é o melhor presente de aniversário que já ganhei…
Elisa apoiou-se no espaldar sentindo o coração quente de ternura, fechou os olhos por um momento na tentativa de bloquear uma lágrima que insistia em escapar, respirou fundo e murmurou emocionada sem olhar para o menino que a encarava fixo:
– Vamos continuar… End me mostrou os aposentos enquanto João se retirava para o outro quarto. Descobri que minha bagagem havia sido transladada para o local e que ficaríamos ali por bastante tempo… Pelo menos até a reunião nas nações unidas. Depois de uma revista geral no apartamento – e tenho que dizer, fiquei muito impressionada – nos Juntamos na copa com João e fizemos nossa primeira refeição após as mudanças. Enquanto comíamos fomos atualizados em relação aos acontecimentos e descobrimos que as coisas estavam andando depressa. Margot era muito competente.
– Conforme ficamos sabendo, assim que se separou da gente Margot foi à sala dos instrumentos e juntamente com o general Konishi vistoriou o local aumentando a segurança com o dobro de soldados. Depois foi ao seu gabinete e tomou posse do cargo de grande líder dispensando alguns trabalhadores e admitindo outros com a ajuda de amigos do alto escalão que a esperavam inquietos. O passo seguinte foi a elaboração de um discurso dirigido a população informando a mudança de governo e a intenção de abrir as portas da cidade para os homens da superfície. Tudo isso em um só fôlego. Como se tivesse sido planejado. Ela me jurou mais tarde quando nos encontramos a sós que não, que era tudo conseqüência de treinamentos que tivera ao longo da vida. Rira bastante ao lembrar-se que sempre fora uma crítica feroz dos treinamentos e que sempre achara alguns deles desnecessários e recorrentes, mas que finalmente descobrira sua utilidade e que sem eles não teria conseguido iniciar o processo.
– No caminho para a reunião percebemos os soldados espalhados por toda cidade e conforme nos aproximávamos do local o numero de homens com o uniforme monocromático característico aumentava assustadoramente. Entramos na sala e End nos levou até o palco, no centro da grande mesa redonda. Sentamo-nos nas únicas cadeiras vazias dispostas lado a lado e ela ficou em pé atrás com o aparelho de tomar nota nas mãos. Todos falavam ao mesmo tempo e gesticulavam muito criando a impressão que caminhavam para o tumulto. A voz de Margot surgiu irritada depois que ouvi o som de uma sirene.
– Senhores! Encerrarei a reunião se não houver disciplina no recinto. Aquele que quiser se pronunciar deverá registrar seu nome no computador. Todos serão ouvidos. Antes, porém, tenho algo a dizer:
– Compreendo o medo de algumas famílias com o rumo dos acontecimentos, mas não temos opção. Abrir a porta de nossa cidade não é um ato impensado, mas uma solução para nossa sobrevivência. Precisamos nos unir com a superfície para continuarmos existir como povo. Daqui a duas semanas a Organização das Nações Unidas o órgão que reúne a maioria dos países da superfície nos receberá e nos dará a oportunidade de nos apresentarmos. Por enquanto somente seu secretário geral e alguns membros estão sabendo disso e, mesmo eles estão em dúvida quanto a veracidade do fato. Vocês precisam entender que esse momento é muito importante para nossa sobrevivência.
O painel se acendeu e o primeiro nome da lista apareceu em destaque. O homem cujo nome se referia falou ao microfone.
– Sabemos que os homens da superfície são muito belicosos. A senhora não concorda que corremos o risco de sermos atacados assim que nos apresentarmos?
– È verdade! Conhecemos a belicosidade dos homens da superfície. Esse problema foi muito discutido ao longo dos anos. Inclusive, como o senhor deve saber, foi um dos motivos que nos manteve isolados aqui em baixo.
Outro nome acendeu no painel.
– Mas o problema continua. O que faremos para nos proteger?
– Existe uma estratégia elaborada pelo nosso grande líder. Resolverá o problema no primeiro momento que é o mais inquietante. Devemos nos preocupar com os aventureiros e não com os homens de bem.
– A senhora pode explicar qual é essa estratégia?
– È simples. Devemos manter a localização da cidade em segredo – A comitiva sairá da lua assim pensarão que ela está no espaço e demonstraremos nosso poder de fogo a todos. Faremos um desfile – que é o nome que eles dão a essas demonstrações – ao mesmo tempo em que encantam, intimidam.
– Como a senhora pode ter certeza que pensarão que viemos do espaço?
Outra pessoa perguntou após seu nome acender no painel luminoso.
– Seremos detectados pelos instrumentos de quase todos os países. Deixaremos a camuflagem desligada.
– Não seremos atacados? Os homens se assustam muito facilmente…
– Não! As grandes nações, aquelas que tem poder para nos atacar nos esperam… Elas sabem que nos apresentaremos.
– E depois? Como será?
Alguém perguntou após outro nome se evidenciar por um novo facho de luz.
– Existe um fator de risco. Por mais que o planejamento seja perfeito todos conhecem o velho principio da incerteza e não conseguiremos fugir disso desta vez também. O que posso dizer é que nosso conhecimento deixará o homem da superfície hipnotizado por décadas e isso facilitará nossa interação.
– E se eles tentarem nos invadir?
– Não acredito que isso seja possível. Se o senhor estudar a história do homem perceberá que sua motivação é o lucro. Nós lhes daremos tudo de graça. Toda nossa tecnologia será entregue à suas universidades sem nenhum custo e com acessoria de nossos especialistas que morarão em seu campus. Eles não terão motivos para nos invadir… Mesmo conhecendo a localização da cidade subterrânea o que não vai acontecer por algum tempo até termos certeza que nos aceitaram.
– E se descobrirem nossa intenção?
– È nesse ponto que devemos nos preocupar. Algumas pessoas podem desgostar de se misturar mesmo sabendo que não são obrigadas. Podem muito bem continuar comuns se quiserem – deu um sorriso encantador.
Parou de falar por um momento e correu os olhos pela platéia, continuando séria.
– Na superfície do planeta existem algumas pessoas que criam fantasias sobre raça pura, superioridade de sua raça, de sua cor, de sua religião, etc… São fantasias que servem apenas para transformar a violência, a qual sente prazer em manifestar, em algo honrado… Pessoas que criam ou aceitam esse tipo de fantasia são aquelas que usam a emoção e não a razão como referência para suas escolhas. Felizmente aprendemos que não devemos deixar a emoção tomar conta de nosso ser. Devemos usá-las para apreciar o belo, a poesia, a música, ou como primicia para algo… Como inside… Como ignição e não para tomar decisões que comprometerá nossa vida ou de outra pessoa.
Elisa recostou-se no banco e fechou as pálpebras. Suas lembranças a levaram de volta aquele dia. Viu-se sentada na cadeira observando o rosto de cada um daqueles homens que estavam dando a vida pelo novo mundo e, mesmo sabendo que não sobreviveriam para ver a nova civilização se preocupavam com o rumo que o projeto estava tomando. Queriam ter certeza que suas famílias continuariam florescendo.
Abriu os olhos e trouxe para mais perto o aparelho no qual lia as perguntas e respostas gravadas por End naquele dia longínquo. Desligou-o e estendeu para Muai que a olhava com os olhinhos arregalados tentando imaginar como teria sido aqueles tempos.
– Querido é melhor você ficar com isto. A reunião foi longa e tem muita repetição. As pessoas estavam realmente preocupadas e fizeram as mesmas perguntas de várias maneiras diferentes. Se você tiver alguma duvida me pergunta que eu esclareço, tá bom?
Muai agarrou o aparelho trazendo para junto do peito. Ele sabia, apesar de seus oito anos, que aquele material era valioso. A posteridade dependia dele para conhecer a história. Era um privilegio e uma honra ser o único depositário daquela verdade.
Elisa sem alcançar sua emoção tocou seus cabelos com a mão, ternamente. Sentia prazer em observar aqueles olhos inteligentes e límpidos sem nenhum sinal de malicia ou dor. Somente continha o fogo reluzindo no fundo de suas pupilas a mesma característica que distinguia seus filhos e netos.
– Quer continuar a história ou prefere descansar – Elisa perguntou ao menino.
– Quero ouvir mais bisa.
– Tá bom… Quando a reunião terminou algumas pessoas se afastaram satisfeitos com as explicações fornecidas pela grande líder e outras, aquelas que tinham tarefas a cumprir, seguiram para seu destino. Nós três voltamos ao apartamento.
– Enquanto escutava as explicações, ainda sentada no salão da assembléia, me dei conta de que a partir daquele momento eu não seria mais uma simples professora e provavelmente minha carreira de pesquisadora também estava terminada. Mesmo assim não queria simplesmente abandonar o trabalho que me dera tanto prazer como um cachorro fujão. Por isso resolvi entrar em contato com o reitor de minha universidade e tentar explicar o que estava acontecendo. Avisei End que precisava dar o telefonema e ela providenciou tudo de uma maneira bastante rápida e, mesmo sabendo o que eu pretendia fazer não se preocupou e nem me recomendou coisa alguma. Achei bastante esclarecedora aquela atitude e a partir daquele momento me senti bem mais segura com toda a situação.
– End trouxe o telefone e quando coloquei o fone no ouvido o reitor falou o meu nome.
– Elisa? È você?
– Levei um susto e cai sentada no sofá da sala do apartamento.
– Sou eu Dr. Scarenzi. Como vai?
– Como está indo a pesquisa? Encontrou os fios de cabelo?
– Dr. Scarenzi o senhor não vai acreditar. Encontrei mais do que os cabelos, encontrei os responsáveis por criá-los.
– Não brinca! Então vamos conseguir as verbas do CNPq – o que vai ser ótimo. Estamos mesmo precisando comprar equipamentos novos.
– Dr. Scarenzi eu acho que o senhor não entendeu. As pessoas que criaram os cabelos são cidadãos de uma civilização avançadíssima. Daqui a duas semanas irão à ONU para se apresentarem…
– Dra. Elisa a senhora andou bebendo… Tomou alguma substância alucinógena? – Ele cortou minha explicação fulo de raiva.
– Dr. Scarenzi acalme-se. É a pura verdade. Eu não poderei mais fazer parte do quadro de docentes desta universidade e prometo que após nossa apresentação voltarei a entrar em contato. Tá bem?
– Escuta aqui menina! – Ele falou ríspido. Imaginei-o em sua sala cheia de artefatos egípcios saltando de sua cadeira de espaldar alto e ficando ereto como um galo de briga – era o seu jeito de enfrentar os problemas.
– Desculpe-me Dr. Scarenzi vou desligar agora – Falei rápido e desliguei o telefone. Imaginei aparecendo por lá com um monte de tecnologia inovadora e não me contive. Caí na gargalhada.
– As duas semanas seguintes foram de espera. Os militares todos os dias mandavam um contingente para a lua. Eu e João nos acostumamos a sair na sacada para vê-los partir. E depois de vê-los partir íamos passear pela cidade desconhecida. Passei a conhecê-lo melhor e me apaixonei… Mas essa é uma história para outro momento.
– Finalmente chegou o nosso dia. Fomos avisados por End que deveríamos estar prontos uma hora antes da partida. Vieram nos buscar no horário combinado. Levaram-nos ao veículo e fomos acomodados próximo ao piloto. Depois de algum tempo quando todos os bancos estavam ocupados a espaçonave zarpou mergulhando no oceano. Fizemos o percurso até o tubo rapidamente e fomos sugados pra dentro dele sendo ejetado para o outro lado. Quando olhei novamente para a janela as nuvens estavam ao alcance de um braço e logo saímos da atmosfera e cruzamos o espaço. Alguns minutos depois o raio trator nos capturou e fomos depositados sobre os apoios de metal na base lunar. A porta se abriu em seguida e descemos em fila indiana. Fomos levados para um grande salão onde nos convidaram a trocar de roupa. Vestimo-nos com indumentárias cerimoniais usadas na cidade subterrânea – fora a primeira vez que usara aqueles trajes.
– Estávamos preparados para partir ha algum tempo quando End apareceu afobada pedindo que ligássemos a tela que tomava quase metade da parede do aposento. Assim que ligamos o rosto de Margot surgiu em nossa frente. Ela havia emagrecido. Com toda eloqüência nos instruiu sobre o desembarque. E depois de nos desejar sorte pediu que dirigíssemos ao hangar. As instruções individuais foram baixadas e gravadas no leitor. Quando a li pouco antes de iniciarmos a viagem percebi o quanto aquela moça era competente. Isso me deu a certeza que nossa missão seria um sucesso. Relaxei e segui os acontecimentos.
– O plano se resumia em colocar as naves em órbita da terra. Todas as naves. Inclusive as de mineração, de construção subaquática e de pesquisa em planetas de alta densidade. Elas foram trazidas de seu lugar de origem e colocadas em órbita. Na primeira linha foram colocadas as naves menores e nas seguintes as maiores em ordem crescente de tamanho. Na última fila as de mineração – três enormes e lentas massas com o diâmetro de três luas, repletas de luzes, reentrâncias e calombos. Formavam a imagem mais absurda e terrível que jamais tinha visto. Nenhum filme de ficção científica que havia assistido até aquele momento conseguira transmitir tamanha sensação de terror em mim. Eram enormes e medonhas.
– Com o pessoal humano tinha uma ordem a ser seguida. Primeiro seria teletransportados os militares que nos protegeriam de alguma agressão. Desconhecia a existência dessa tecnologia. Mais tarde depois que tudo havia sido consumado perguntei a respeito e fui informada que era pouco usada. Ninguém gostava de ter o corpo desmolecularizado e devido a seu alcance não ser muito grande e o sistema de triangulação complicado somente era usado para resgate ou em área de risco. Seria usado na apresentação como item de pressão como todo o resto.
– Ficara sabendo que havia sido trocada muita correspondência entre ambos os lados na última semana que antecedeu o desembarque inclusive com algumas visitas dos homens responsáveis pela segurança. Mas para manter o clima de suspense não deixaram em nenhum momento de usar o uniforme que os mantinham irreconhecíveis. Todo o preparativo era um grande teatro – uma superprodução.
– Minha nave – que era parte da comitiva – foi a última a levantar vôo. Margot ordenou ao piloto que fizesse algumas manobras para poder passar em revista as tropas e ele nos colocou em uma posição onde podíamos ver toda a formação. Olhei para a terra e pude ver o oceano, os EUA, o Canadá e toda geografia daquele lado do mundo. A quantidade de espaçonave era impressionante. A terra deve ter ficado no escuro naquele momento porque com certeza estávamos obstruindo a luz do sol na metade iluminada do planeta. O veículo se aproximou de sua posição lentamente. Fiquei imaginando a terra parada e milhares de olhos voltados para o céu. As redes de televisão deveriam estar se deliciando com tudo aquilo.
– O transporte estacionou no local predeterminado e esperamos os soldados responsáveis pela segurança que estavam no outro veículo serem arremessados via luz para dentro do edifício da ONU. O facho luminoso que levava o primeiro soldado foi lançado. Ficamos esperando tensos. Eu seria a quarta pessoa de minha espaçonave a ser lançada e procurava me manter calma. Um a um os militares foram enviados. A informação retornava tranqüilizadora e isso me mantinha confiante. O primeiro da minha nave foi chamado ao compartimento de lançamento. Um zumbido irritante penetrou meus ouvidos no momento que o flash de luz escapou do aparelho em direção a terra. O segundo foi convocado e logo depois João segurava minha mão agitado. Chegara sua vez. Olhou-me pálido como um habitante da cidade subterrânea e caminhou firme para o seu destino. Vi quando a luz que o levava saiu atravessando a atmosfera. Senti meu coração confranger. Fiquei olhando hipnotizada para a terra até ouvir meu nome. Levantei-me tremendo…
Continua no próximo capítulo…
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