Por Milton T. Mendonça
A propósito: Do fundo de minha alma sinto vergonha da hipocrisia dos homens. –
A manhã se iniciou tempestuosa e cheia de mal pressagio. Enquanto caminhava pela estrada de terra batida que o levaria ao palácio Eleazar Bem Yair perscrutou o horizonte, temeroso. O céu negro prenunciava uma borrasca. Apressou os passos forçando o corpo contra o vento que zunia no sentido oposto chegando ao destino exausto. Sacudiu a túnica exterior com o seu peculiar formato quadrado confeccionado com pelo de camelo e adentrou ao edifício fugindo da nuvem de areia misturado ao elevado nível de unidade que precedia a tempestade e se refugiou entre as colunas que sustentavam o teto côncavo bem lá no alto. Tomou fôlego e continuou andando em busca dos ajudantes.
Encontrou-os sentados próximos a escadaria que os levaria ao calabouço com as ferramentas ungidas e embrulhadas em finíssimo linho encostadas á parede. E antes que pudesse dizer algo a grande porta ás suas costas se abriu com um estrondo e Aquêmenes entrou acompanhado de sua comitiva.
– Acompanhe-me!
Exclamou e desceu as escadas, resoluto enquanto alguns escravos de pele negra ia à frente iluminando o caminho.
Pararam junto à parede nua e o rei imitado por sua comitiva se afastou para o lado deixando espaço livre para o hebreu se aproximar e examinar o local. Ele se aproximou e esquadrinhou-a minuciosamente. Em seguida chamou os dois homens que fora designado para ajudá-lo e mandou que empurrasse o único bloco de pedra que, olhando com mais atenção, percebia ser diferente dos demais. Era o único que passando as mãos levemente podia sentir um pequeno desnível.
Os ajudantes empurraram com toda a força o bloco de pedra e segundo depois um barulho como se algo arranhasse o interior da parede se fez ouvir. Em seguida toda a estrutura se soltou daquela onde se apoiava perpendicularmente e se abriu criando um vão onde um homem robusto podia passar sem esforço.
A comitiva do rei ao vê-la se mover se assustaram afastando-se temerosos. Aquêmenes aproveitou-se da confusão e se aproximou da abertura olhando para dentro curioso. O hebreu que não se afastara em nenhum momento olhou por cima do ombro do rei tentando enxergar qualquer coisa que lhe desse uma idéia do que poderia ser o tesouro.
Lá dentro totalmente iluminada uma grande máquina jazia inerte a espera de ser descoberta. De repente, antes de atravessar totalmente o portal o rei parou e se voltou com o semblante curiosamente enigmático. Mirou seus servos e exclamou autoritário.
– Voltem todos e me esperem na sala do trono.
– Vocês dois – apontou para os ajudantes – fechem a porta e somente voltem aqui quando o sol estiver a pino.
Todos se voltaram aliviados desaparecendo de vista ao dobrar a curva se dirigindo a saída. Baltazar Bem Yair terminou de explicar o procedimento aos homens e se voltou para o rei.
– Senhor, assim que entrar fecharemos a abertura e ficaremos a espera para cumprir sua ordem.
– Você não!
Ordenou se voltando rapidamente em sua direção.
– Venha comigo. Precisarei de seus conhecimentos.
Ao ouvir o rei Baltazar Bem Yair não soube interpretar o que sentia. A sensação de medo correu fria do estômago enchendo seu sangue de adrenalina e fazendo o coração palpitar de ansiedade. A expectativa de encontrar o tesouro de Nabucodonosor mergulhou sua mente em uma névoa úmida e morna.
– Estava feliz?
Perguntou-se sem fôlego.
Observou as costas do rei que atravessava o pórtico e antes de acompanhá-lo tocou o braço de um dos ajudantes e ordenou rápido.
– Avise minha mulher! Diga-lhe para continuar acumulando as técnicas de meu oficio que, talvez, não volte…
Olhou nos olhos do assistente e se afastou entrando no aposento. Segundo depois a parede se encaixou com um ruído seco em seu lugar de origem.
Gautama, o mágico abriu os olhos e observou a janela esperando ver o sol. Tudo estava escuro. Virou-se no catre e abraçou a menina que dormia ao seu lado sorrindo ao se lembrar da noite anterior. Bebera demais ainda sentia o efeito da bebida. Sua cabeça zunia. Mesmo sentindo a dor insuportável ansiava pelo tesouro. Tentou encontrar os volumes que usaria para abrir a porta secreta e vendo-o onde o deixara soltou a cabeça, aliviado relaxando o corpo. Seu plano não mudara. Ao amanhecer desceria até o calabouço e realizaria seu projeto – pensou consigo mesmo – espreguiçando e empurrando com os pés o corpo miúdo da jovem em sua cama. Ouviu-a reclamar, mas não se importou. De repente o som de animais passando embaixo da janela e vozes dos trabalhadores que passavam o surpreendeu. Levantou-se ligeiro e correu para olhar. O movimento no pátio o fez lançar um impropério. A manhã havia começado há muito tempo. A bebida o fizera perder o momento propicio para iniciar sua aventura. Teria que adiar.
Irado chutou o catre jogando sua companheira ao chão, que se levantou zangada.
– O que é isso seu estafermo?
– Saia!
Gritou empurrando-a.
– Tenho muita coisa para fazer e o tempo urge.
A mulher o fitou furibunda se virou com um meneio de corpo e saiu sem dizer palavra alguma.
O mágico se sentou no catre e colocou as mãos na cabeça. A dor o deixava com a vista turva. Levantou-se e saiu se apoiando na parede atravessou corredores escuros como breu e adentrou na cozinha do palácio. Roubou uma fruta e um grande naco de carne de porco assada na véspera e continuou a caminhada subindo a escadaria que o levou próximo à ante-sala do trono virando em seguida para a esquerda terminando à beira do poço onde iniciaria a descida até o calabouço. Dois soldados guardavam a entrada e quando o viram cruzaram a lança o proibindo de passar.
– Porque não posso passar?
Perguntou fazendo a cara de ingênuo que costumava ludibriar os incautos.
– O rei está na sala do tesouro.
O guerreiro resmungou entre dentes.
– Conseguiu abri-la?
Quase gritou de susto fazendo o militar olhá-lo desconfiado.
Percebendo sua gafe saiu de fininho deixando o perigo para trás. Voltou devagar pelo mesmo caminho que viera resmungando impropérios e chutando a parede. Chegou ao seu cubículo e se jogou na cama, exasperado.
O aposento estava iluminado por uma luz excessivamente clara permitindo a visão de tudo em derredor. A sala era enorme com uma decoração luxuosa. A cortina multicor e as almofadas de couro, curtido pelos melhores artesãos do reino, deixava o ambiente confortável e ameno. No centro uma grande estrutura de metal chamuscada e enegrecida, amassada aqui e acolá destoava do ambiente e atraia a curiosidade. No canto sentado em uma almofada, de cabeça baixa o homem dormitava segurando algo nas mãos.
Aquêmenes tossiu indeciso e o individuo se levantou assustado deixando cair o que segurava fazendo-o deslizar para o chão com um barulho peculiar atraindo a atenção de ambos. Os visitantes olharam espantados para o objeto magnífico antes de se voltar para o varão de barbas longas e grisalhas vestindo roupas luxuosas, enfeitada com pedras preciosas de todos os tipos e raridade.
– Baltazar é você?
O desconhecido perguntou surpreso.
Baltazar Bem Yair deu um passo à frente e olhou com atenção o velho que o chamava pelo nome.
– Pai!
Exclamou espantado ao reconhecer por baixo da barba grisalha o homem que o havia gerado e que pensava morto.
– Meu filho!
Gritou e levantou os braços caminhando trôpego até o filho agarrando-o firme e o apertando em um abraço desesperado. Baltazar Bem Yair se manteve congelado no lugar sentindo a descarga elétrica percorrer todo o corpo pela surpresa de vê-lo vivo e saudável. No fundo de sua mente amaldiçoou o antigo monarca pela sua crueldade.
Depois de alguns momentos onde lágrimas quentes rolaram por sua face envelhecida seu progenitor soltou-o e o mirou de cima a baixo alegre.
– O que faz aqui menino?
– Esse é o novo rei – virou-se e mostrou Aquêmenes – viemos conhecer o tesouro.
Eahur Bem Yair dobrou-se até o chão em sinal de temor. Aquêmenes levantou-o pelos ombros e o soltou gentilmente á sua frente.
– Vamos deixar os salamaleques para outra hora. Diga-me: Do que consiste o tesouro para ser tão misterioso? É talvez um objeto mágico? O antigo rei tinha fama de ser um místico poderoso…
– Há grande rei! O senhor não imagina tamanho poder está escondido entre essas paredes.
– Mostre-me essa maravilha e eu o libertarei de seu cativeiro.
Eahur Bem Yair sentou-se na almofada de onde havia se levantado e chorou. Voltar a ver novamente seus familiares era algo que parara de esperar para não enlouquecer. Conformava-se em conhecer os mistérios que se escondia entre as estrelas. O Deus que tanto confiava o havia escolhido para testemunhar seu poder e era agradecido por isso. Apenas no fundo de sua alma existia uma pequena esperança de ver seu filho novamente e culpava sua lógica por teimar em mantê-la acesa. Mesmo sabendo que somente um milagre poderia tirá-lo dali.
Mais aliviado levantou-se e sorriu para o filho tocando seu rosto com carinho. Voltou-se para Aquêmenes e dobrou-se levemente sobre si mesmo pedindo desculpas pelo descontrole. O rei sorriu compreensivo e olhou para a máquina no centro da sala.
– O que é isso?
Perguntou curioso.
– Essa é a razão de estarmos aqui hoje, senhor. Essa máquina é o tesouro de Nabucodonosor.
– Máquina? O que é uma máquina?
– Para explicar-lhes preciso contar uma pequena história.
Falou abaixando a cabeça, pensativo. Pediu para que sentassem e sem floreios começou… Alguns anos atrás o velho mago da corte do rei Nabucodonosor fazia seus experimentos no deserto, próximo ao oásis de En-Gedi, nas cercanias da praia ocidental do mar morto, quando viu flutuando em suas águas pesadas uma enorme coluna brilhante como o bronze polido, mas com a luminescência do diamante e não do rubi como era esperado. Curioso correu para averiguar tal fenômeno e quando lá chegou encontrou esse monumento e, caído na praia, sem sentido um homem vestindo trajes metálicos cheio de dobras e reentrâncias, jazia moribundo.
Arrastou o individuo até o oásis e com seus conhecimentos de magia e a ajuda dos apetrechos que trazia consigo conseguiu trazê-lo de volta a vida. No começo não conseguiu entendê-lo, mas depois de algum tempo, com a mágica poderosa executada pelo estranho, suas palavras começaram a fazer sentido.
– O varão lhe contou que viera das estrelas e que sua máquina se chocara com uma das inúmeras rochas que vagam sem destino pelo universo sem fim e o choque de tão forte o lançara de encontro ao nosso mundo precipitando-o nas águas densas e sem vida onde o encontrara. Precisava construir pequenas peças para substituir a que fora danificada e pedia sua ajuda.
O mago prometeu ajudá-lo e com o auxilio do povo nômade do deserto levou-o e sua maquina para o palácio do rei onde tinha seu alojamento.
Nabucodonosor soubera do ocorrido e mandara chamá-lo á sala do trono. Lá chegando expusera o ocorrido e contara-lhe inadvertidamente o grande poder que presenciara e sua desconfiança de que o homem fosse um guerreiro do deus Ormuzd e que ajudá-lo o tornaria seu credor.
O rei, porém com o seu egotismo e ânsia de poder mandara me chamar e me ordenara a construção desse local onde o escondera de todos passando a usufruir daqueles poderes que o navegante achou por bem lhe mostrar.
Enquanto construía esse aposento não pude deixar de tomar conhecimento da presença do estranho e do mago preso pela mesma corrente a um bloco maciço encontrado pelos construtores do palácio e deixado a mostra por não ter conseguido removê-lo.
No princípio evitei qualquer contato por entender que quanto mais soubesse menos chance teria de sair daqui com vida. Com o passar do tempo ficara difícil ignorar o sofrimento de ambos e percebera que mesmo sem o meu envolvimento já não tinha chance alguma. O rei cada vez mais me via como seu inimigo. Acabei me tornando cúmplice dos prisioneiros passando horas no planejamento de uma maneira de escafeder para bem longe dos olhos mesquinhos daquele soberano malvado.
Na última vez que me foi permitido visitar minha família, quase no final da construção, já havia tomado conhecimento da maravilha que tinha nas mãos. E tinha certeza que aquele ser era um anjo do Deus único vindo até nós como mensageiro para trazer a notícia de que a liberdade de nosso povo estava próxima, conforme diz as escrituras. Quando cheguei á tenda minha primeira atitude foi registrar a descoberta esperando ajudar a providencia na hora certa. E deixar fora de alcance a chave que trás vida a máquina e assim manter o ignóbil rei sem o poder necessário para dominar o mundo projeto que ele almejava e por isso nos mantinha prisioneiros em vez de nos matar simplesmente.
O tempo na companhia do visitante do espaço levantou a cortina que escondia muitos mistérios e me fez compreender quão inútil era minha vida e a necessidade de sobreviver para passar á nova geração aquela descoberta extraordinária.
O rei, que de nada sabia, aparecia somente uma vez por semana quando trazia alimentos recebendo em troca a carga de energia proveniente da máquina – que fomos obrigados a mostrar para mantê-lo calmo. Essa energia aumentava sua virilidade de tal maneira que ele conseguia engravidar dez mulheres em apenas uma noite. Ao perceber essa possibilidade decidiu encher o reino de filhos como primeiro passo para a expansão de seus domínios.
Impressionava-me vê-lo chegar abatido e sem cor e sair como se fora outro homem tamanho vigor e alegria de viver.
O conserto da máquina levou-nos o mago em um acidente inesperado ficando somente eu e o homem das estrelas. Mas mesmo assim conseguimos realizar o conserto e estávamos pronto para a fuga. Foi nessa ocasião que me lembrara da chave que escondera no meio de meus papiros e por semanas nos prostramos sem esperança não desejando nada mais além da morte. Até que minha fé retornara e a esperança me fez querer saber mais sobre o universo. Percebera que estava junto de Deus… Ou seu auxiliar. E esse pensamento me animou a esperar com paciência a profecia de que nosso povo seria liberto quando o Deus vivo nos mandasse seu mensageiro. Conforme está escrito. Sabia que ele havia chegado.
O velho parou de falar e fechou os olhos.
– E o homem das estrelas? Que fim levou?
Aquêmenes murmurou humilde olhando em volta. Segurou o aparelho que caíra das mãos de Eahur Bem Yair quando o pegara dormitando e girou entre os dedos olhando surpreso as imagens iluminadas pela luz mágica que se movia dentro da pequena caixa translúcida. A beleza o deixava tonto. Quase não conseguia fixar os olhos.
– Que mágica surpreendente é essa?
Murmurou para si mesmo abismado. Chocado com a novidade.
Tudo desapareceu de seu entorno por uma fração de tempo que somente não se prolongou em seu transe sensorial devido a frase “dentro da máquina” ouvida ao longe. Surpreso ao decifrar seu significado largou o que tinha nas mãos e voltou a cabeça em direção ao hebreu. Conseguiu finalmente fixar os olhos no rosto velho do varão e perguntou:
– Como? O que dentro da maquina?
– O homem das estrelas está se recuperando dentro da máquina. Logo ele estará bem e poderão conhecê-lo.
– Se recuperando por quê?
– Ele precisa de energia… Reposição de energia é o que ele diz. Está fora de seu habitat… De seu mundo.
Os dois homens sentaram-se nas almofadas e ficaram em silêncio. O excesso de informação recebida nas poucas horas em que estavam ali os deixara exaustos. Aquêmenes deitou a cabeça nas mãos e fechou os olhos.
Baltazar Bem Yair também estava em choque. Ver o seu pai depois de tantos anos e ouvi-lo falar sobre todas aquelas coisas inverossímeis deixava-o atordoado. Tinha duvidas se suportaria conhecer o homem das estrelas. Talvez estivesse na hora de deixar aquele lugar e esquecer tudo que ouvira.
Gautama se acalmou depois de esmurrar algumas dezenas de vezes o catre e se virou de costas observando o teto negro de fuligem.
– O tesouro é meu!
Gritou para o teto. Não vou perdê-lo outra vez.
Sabia que precisava ter paciência e esperar o rei sair da sala do tesouro para ter uma chance de invadi-la e se apropriar do que lhe pertencia.
– Depois – resmungou sorrindo alto – fugirei para longe e nunca mais ouvirão falar de mim.
Levantou-se da cama e saiu para o pátio em busca de informação. Encontrou os ajudantes sentados nos degraus que levavam a cozinha esperando o sol se colocar na posição antes de abrir a porta, conforme as ordem reais.
– Vocês não são os ajudantes do mestre dos pedreiros? O que faz aqui?
– Esperamos o sol se por á pino para resgatá-los…
– Então conseguiram mesmo desbloquear a entrada? O mistério finalmente se esclareceu?
– Talvez para eles não para nós. Nada vimos que pudesse nos orientar. Ainda tentamos imaginar a forma… Ou o valor do tesouro.
– São pedras… Pedras do tamanho do punho de um homem grande. Antevejo o cintilar colorido de seu reflexo toda vez que fecho meus olhos.
O homenzinho fechou os olhos fingindo desmaiar de emoção.
– Pode ser… Talvez esse novo rei nos diga algo quando o retirarmos. Precisará se reportar ao seu mestre e fatalmente o segredo se diluirá e finalmente nos encontrará em seu caminho.
– Talvez…
O companheiro que até então se calara expressou dúvida.
– Os poderosos têm uma língua própria e talvez este seja mais um segredo a nos atormentar os miolos.
A frase ainda nem terminara e o mago já estava sobre ele esmurrando sua cabeça.
– Tolo! Mula! Imbecil… Cala-te!
Soltou-o após liberar sua frustração e se voltou deixando-os sozinhos. Ouviu a risada do companheiro ao dobrar no estábulo e se dirigir ao portão.
Desceu o declive detendo-se na beira do rio quase sem fôlego. O peito arfava próximo ao colapso. Sua alma preste a explodir precisava de um escape. Abaixou-se impetuoso e apanhou calhaus aleatoriamente jogando-os com força fazendo espirrar água quando em ângulos incertos penetrava o universo líquido. Gritou levantando os braços ao céu em agonia maldizendo os deuses que o torturavam. Largou o corpo em desespero se ajoelhando sobre pequenos seixos rolados esfolando os joelhos, mas nada sentira. Sua alma caminhava no inferno.
Soluçou longo tempo antes de se deitar prostrado adormecendo imediatamente.
Aquêmenes levantou a cabeça ao ouvir o ruído vindo da porta. Percebeu poeira saindo das frestas e o ruído característico da parede se deslocando lentamente em seu trilho invisível.
Levantou-se de um pulo e caminhou lépido estacando momento antes dos ajudantes meterem a cabeça pela fresta.
– Voltem!
Ordenou ríspido.
– Feche a porta e volte ao por do sol!
Ficou parado encobrindo qualquer visão que pudessem ter do interior. O tesouro deveria continuar um mistério. Ainda não sabia o que fazer com aquela Loucura e sua mente em turbilhão não o ajudava a pensar.
Relaxou os ombros ao ouvir o som da parede se fixando no berço e voltou-se para os dois homens que o olhavam curiosos.
– Não quero que saibam antes de compreender o que vejo. Ciro precisa ser o primeiro a saber, depois…
Parou de falar de súbito e mirou a maquina ao perceber pelo canto dos olhos o vulto emergir lá de dentro…
Continua no próximo Capítulo!
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