(In)terna Revolução
por Alexandre Lúcio Fernandes
Quando percebemos o calor das inquietações, acenamos envolver os mistérios, jogá-los ao céu com o intuito de desembaraçá-los. Aguçamos o olhar. Os erros ficam salientes. É preciso, muitas vezes, a retomada do nosso equilíbrio. Em meio a tantas reflexões, caímos em si. O mundo não precisa de um alinhamento. Quem precisa somos nós mesmos. Uma mudança de olhar, uma virada de rosto, um passo à frente. Qualquer gesto muda tudo ao redor. Uma atitude principia a alternância do clima. A palavra de ordem é revolução.
Quando nos enfileiramos ante nossos demônios, e guiamos a vontade ao centro nervoso dos delitos interiores, acusamos o que decididamente nos desorienta e acomoda. Não dá pra ficar à parte. As maiores mazelas moram dentro de nós. Nossa doença adoece o mundo. Nosso olhar fatigado anui o câncer que vive à custa de nossa inoperância. Será possível domar o que nos eletrocuta com doses significantes de apatia? Sim. Viremos a página então. Façamos revolução e manifesto no mundo que mais nos aprisiona e nos entorpece: o interior.
Que a luta seja abalizada com ternura, colhida com a maciez propícia de quem realmente se propõe a se curar, dar vida às cores desbotadas pelo tempo e mudar as vestes, os calçados. Esta mudança (in)terna ornamenta os caminhos com legitimidade, com a essência humana e necessária para dar novos tons ao que se pendura ao redor. Que a gente desacomode e finalmente intervenha pela mudança estritamente imprescindível à alma. Com destreza e delicadeza. Sem causar vandalismos na pátria que construímos dentro de nós ao longo dos anos.
Que a caminhada seja firme – e pacífica, mas focada na retomada dos verdadeiros objetivos. Sempre há tempo de (re)florescer. Sempre há, ainda, possibilidades de mudanças sérias, capazes de alterar o curso do rio e alternar o clima a condições favoráveis. Revolucionemos a nós mesmos e teremos dado um passo mais que certeiro para mudar o mundo. O mundo é reflexo de nós. Sua manutenção é espelho de nossas ações. Que a revolução seja autêntica, terna e ancorada no coração; íntegra e impulsionada por nossos sonhos mais altivos.
Que a mudança seja regada primariamente dentro de cada um de nós. Afinal, nenhuma planta cresce se a água não chegar primeira à raiz.
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