Sarau da SuL
Por George Furlan
No último dia nove de setembro de 2016, a Casa de Cultura Johan Gütlich (FCCR) e os Celebreiros organizaram o 1º Sarau da SuL
Compreendemos o sarau como meio de compartilhamento intelectual, um espaço dedicado à livre expressão. Atualmente há a tendência de promoção de saraus em diversas comunidades, o que tem efeito muitíssimo positivo, desde a formação de público até a reflexão no processo participativo e de interação da sociedade. Ainda contribui com o incentivo da literatura a exemplo de movimentos culturais como o Sarau da Cooperifa, Sarau do Binho, Elo da Corrente, da Região Metropolitana de São Paulo, que tem transformado a realidade que estão inseridos. O Sarau da SuL surge neste sentido.
Entre outras, o evento contou com a ilustre presença de Ana Bonani, as dançantes Alelise e Daiane Queiroz Lima, Nathan Lima, Gisele e Driele Yamazaki, a superyoutuber Amanda Roque, Brian De Lucca, Wesley Cruz e aqueles que embalaram o sarau: Luis Gonzaga, Clayton Moreira e o manauara Pedro Silva.
É TUDO NOSSO!
A Periferia nos une pelo amor, pela dor e pela cor. Dos becos e vielas há de vir a voz que grita contra o silêncio que nos pune. Eis que surge das ladeiras um povo lindo e inteligente galopando contra o passado. A favor de um futuro limpo, para todos os brasileiros.
A favor de um subúrbio que clama por arte e cultura, e universidade para a diversidade. Agogôs e tamborins acompanhados de violinos, só depois da aula.
Contra a arte patrocinada pelos que corrompem a liberdade de opção. Contra a arte fabricada para destruir o senso crítico, a emoção e a sensibilidade que nasce da múltipla escolha.
A Arte que liberta não pode vir da mão que escraviza.
A favor do batuque da cozinha que nasce na cozinha e sinhá não quer. Da poesia periférica que brota na porta do bar.
Do teatro que não vem do “ter ou não ter…”. Do cinema real que transmite ilusão.
Das Artes Plásticas, que, de concreto, quer substituir os barracos de madeiras.
Da Dança que desafoga no lago dos cisnes.
Da Música que não embala os adormecidos.
Da Literatura das ruas despertando nas calçadas.
A Periferia unida, no centro de todas as coisas.
Contra o racismo, a intolerância e as injustiças sociais das quais a arte vigente não fala.
Contra o artista surdo-mudo e a letra que não fala.
É preciso sugar da arte um novo tipo de artista: o artista-cidadão. Aquele que na sua arte não revoluciona o mundo, mas também não compactua com a mediocridade que imbeciliza um povo desprovido de oportunidades. Um artista a serviço da comunidade, do país. Que armado da verdade, por si só exercita a revolução.
Contra a arte domingueira que defeca em nossa sala e nos hipnotiza no colo da poltrona.
Contra a barbárie que é a falta de bibliotecas, cinemas, museus, teatros e espaços para o acesso à produção cultural.
Contra reis e rainhas do castelo globalizado e quadril avantajado.
Contra o capital que ignora o interior a favor do exterior. Miami pra eles? “Me ame pra nós!”.
Contra os carrascos e as vítimas do sistema.
Contra os covardes e eruditos de aquário.
Contra o artista serviçal escravo da vaidade.
Contra os vampiros das verbas públicas e arte privada.
A Arte que liberta não pode vir da mão que escraviza.
Por uma Periferia que nos une pelo amor, pela dor e pela cor.
É TUDO NOSSO!
Manifesto da Antropofagia periférica – Sergio Vaz
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