Passou tudo tão rápido e já estamos no apocalipse, quem diria?!
Quem diria que todos aqueles filmes sobre pandemias, epidemias, teorias da conspiração, etc, um dia bateria em nossas nádegas intocáveis.
Quem diria que aqueles filmes e séries de fim do mundo, do Armagedom, do Apocalipse Zumbi, Resident Evil, um dia chegaria tão perto da nossa hipócrita inocência. Essa realidade dos nossos dias é uma ficção? É inventada?
Esses nossos dias onde assistimos os supermercados lotados, as prateleiras esvaziando-se, as brigas por álcool gel, por papel higiênico (essa, até agora não entendi o porquê). E nesses momentos, lembramos dos filmes, aqueles que eram as nossas ficções e agora tão perto de nós.
Esses dias desleais, que não sabemos em quem confiar, pois tudo é contagioso, tudo é viral…toma-se uma distância de 2 metros entre um e outro e nas filas acontecem discussões, porque algumas pessoas não acreditam nessa coisa invisível, um vírus (invisível) não vai atingi-las, “isso é paranoia”, gritam. Mas acreditam num deus invisível que vai protegê-las acima de todos, pois consideram-se não reles mortais, mas escolhidos. Ah, maldito ego que sufoca a essência.
Esses dias desleais em que tudo desaba: o emprego, o salário, a compra, a venda, os créditos, as dívidas, menos os karmas, esses estão sendo cobrados no peso da balança. A balança que balança diante dos nossos olhos tão fatigados e sequer podemos suavizar passando as mãos, antes de higienizar com aquele álcool gel que sumiu das prateleiras dos supermercados. E quando damos conta de encontrar algum, o preço é tão alto, que é preciso fazer uma escolha entre isso ou aquilo, como uma Cecília Meireles.
Esses dias desleais, só a poesia nos conforta e também os exercícios de respiração, pra ajudar, caso não haja respiradores suficientes.
Esses dias desleais onde a solidão tem seu culto divulgado, aquela solidão que ninguém queria, agora é fundamental para não ser infectado. Eu, uma solitária inveterada, continuo na minha rotina e estar quieta dentro da casa, me dá prazer e não dor, mas acredito que isso é coisa minha e muita gente deve estar sofrendo com esse protocolo.
Esses dias desleais, porque agora estamos vivendo em carne, osso e vírus o nosso verdadeiro destino: ser humano em todas as suas nuances. Já havíamos perdido na memória as leis que regem todo o universo e que somos sobreviventes desde as eras mais remotas do planeta. Não somos de agora, somos muito antigos e vivemos a seleção natural em cada célula do nosso corpo perfeito, uma máquina provida de sangue e adrenalina, que sabe das horas, dos momentos, dos instantes fugazes, febris e dos que não voltam mais.
Esses dias desleais onde a reflexão se faz presente, nos traz a conexão com nossas mais antigas fórmulas e soluções que aparecem nos momentos de desespero e dor. Então, deslizemos pelas planícies da serenidade, esperando algo, seja o que for, porque sempre estivemos à mercê do princípio das incertezas.
Elizabeth de Souza
Coloco abaixo, o link de um poema que postei no meu antigo blog:
http://asperaelizabeth.blogspot.com/2008/03/princpio-da-incerteza.html
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