Mais que piedade ou óbolos, PcD demandam espaço de aprendizado e trabalho
*Mário Sérgio Rodrigues Ananias
Em 1957, ano de epidemia no Brasil, nascíamos Reinaldo Lima, atacante do CAM; Lilia Cabral e eu. Nova vacinação contra a Pólio, nos EUA, resposta ao grave incidente de 55, quando centenas de pessoas foram infectadas por lote de vacinas problemáticas.
Com eficácia confirmada, a vacina Salk e seu criador foram criticados por Albert Sabin: a vacina protegia contra efeitos graves da pólio, mas não eximia da infecção nem impedia a disseminação da doença. Era eficaz contra consequências, mas ineficiente na prevenção.
Albert Sabin nasceu em 1906, dois anos antes de Landsteiner isolar, pela 1ª vez, o agente causador: o Poliovírus.
O pesquisador, em paralelo a Salk, apresentou imunizante que impedia danos e interrompia o fluxo de infecções. O imunizado não sofre paralisias ou óbitos, não se infecta nem dissemina a doença pelo chamado efeito manada na vacinação. A vacina é oral, minimiza custos de transporte, logística e aplicação.
Para estimular crianças e seus responsáveis na decisão de se imunizar, Darlan Manoel Rosa criou, em 1986, o personagem Zé Gotinha, ícone impulsionador da vacinação contra a pólio.
A FDA – órgão controlador da produção e distribuição de medicamentos nos EUA, resistiu ao imunizante. Assim, Sabin, originário do leste europeu, levou o produto em 1960 para teste na então URSS, com excelentes resultados.
Com isso a FDA aprovou, após os testes soviéticos. Mas nem a vacina Sabin erradicou a poliomielite. Sabin, como Salk, declinou da patente, reduzindo custos de produção, logística e zelo, dispensando especialistas na aplicação.
A vacina integra a grade de imunização da maioria das Nações. Exceto em poucos países da África e Ásia, o mal, que matou ou sequelou milhões de pessoas, praticamente desapareceu.
Doenças como a poliomielite, já erradicadas, voltam a atemorizar o mundo. Com focos em países deflagrados/convulsos, surgem dramas logísticos que expõem a população ao risco de nova infestação.
Cidadãos contaminados se tornam vetores da doença. Estados alvos de migrações e com baixa imunização vivem o risco de novos focos, pois o tempo de incubação do vírus varia de 7 a 15 dias.
Pólio sentencia a pena perpétua ou capital. O contagiado pode morrer – coima capital; ou sofrer sequelas irreversíveis – sentença perpétua.
*Mário Sérgio Rodrigues Ananias é administrador, gestor público e autor do livro “Sobre Viver com Pólio”
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