Despedaçar Antes de Morrer!
Por Raul Tartarotti
Desejar uma vida com qualidade nas relações e um bom teto pra viver, não parece ser uma exigência além do aceitável. Banalizar uma relação amorosa onde uma das partes se entregou por anos a fio, isso sim é lamentável, dentro de alguns termos vividos pelo casal. A vaidade reúne uma maneira quase louca de fazer acontecer certas situações em detrimento de um desejo intenso e persistente, em ser aceito por alguém, ou se manter estático no tempo, belo como já foi, insistindo na manutenção de uma atitude pretensamente boa para seu corpo, mas que não faz bem a saúde de quem escolhe por essa disputa em permanecer no topo.
Aprender é bom, e nosso tempo disso é agora, porque a vida tem muita força, e as coisas humanas nos levam a algum lugar, por isso não devemos nos desassistir com decisões arriscadas a nossa saúde. E uma maneira de nos salvar dessa escolha real e diária é sentir o que o outro tem em seu íntimo pra nos oferecer, retirar nossos olhos do próprio umbigo, e transpor de alguma forma o verbo sem anomalias ao nosso corpo, mas sim Humanidades.
Jorge Luís Borges nos deixou uma frase pra pensar: “Houve pela primeira vez a morte. Já não me lembro se foi Abel ou Caim. Na verdade, não importa, vamos ocupar o lugar de quem morre, e de quem mata a vida inteira”.
Todas as manhãs a vida se renova e traz novas oportunidades e caminhos ao amanhecer. O discurso sempre é para todos, somos humanos afinal, temos tempo útil de existência, ou você tem alguma pílula verde que possa limpar seus rins?
O quefica mais difícil engolir é o poderio político com base no uso de bombas. A Ucrânia não tem forças pra bater no gigante que pisa na sua porta, a determinação de seu povo que sofre a dezenas de anos, perda de liberdade e soberania, pode não ser o suficiente. Não há valores que possam ser compartilhados com o inimigo, são invasões sem limites, focadas em banir a liberdade social de que tenta respirar fora da agressão dominante, que por vezes vem de dentro de casa.
A invasão da Ucrânia é considerada um ataque ao planeta, mesmo que tenha sido motivada por um copo cheio de paciência, mas que transbordou. Tentar recomeçar em algum lugar da próxima fronteira, e não se despedaçar antes de morrer, é o que resta ao povo após o disparo da bomba. Sendo esse o começo da busca de uma hipótese de sobrevivência, os lamentos na estrada se amplificam com as dores de um isolamento longe de seus familiares. Uma guerra define o perfil do líder que a iniciou, quase similar ao sangue que escorre em suas mãos, pois, nada justifica a tomada de outros territórios a bala. Essa foi uma violação dos direitos civis e políticos, da paz e do caminhar solene de um povo que deseja viver e criar sua prole.
Essa população quer uma relação com a sociedade pacificamente e progressista, onde haja possibilidade em decidir como seguir dignamente, e não ser colonizado por milícias e grupos exageradamente armados. Ninguém precisa de uma guerra, nunca há essa necessidade, o que aparece frequentemente é a possibilidade em se defender de outra bala que já partiu na sua direção. E o que vem depois, ser cuspido de volta pra casa?
Pra comer, pode sobrar somente massa com cinzas.
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