Os céticos não vão para o inferno
Joka Faria
Os céticos não vão para o inferno, quase quarenta graus e sem chuva. Os céticos não vão para o inferno. A cidade é cheia de revelações e acabei de saber da Cachoeira da Usina, na magnífica e desprezada pelo poder público, zona norte. Um ciclista me confidenciou sobre este lugar. Marcelo Marins nos fala de uma dimensão real. Uma terra original com seus seres que para nós são mitológicos. Os céticos não vão para o inferno.
Acabei de ler O MARINHEIRO de Caio Fernando Abreu, num dia quente diante da linha do trem. Segundo ele, estes seres adentram a portais em espelhos, rios, cachoeiras e matas. Eu que sempre amei a natureza. Como irei resistir às minhas caminhadas?
A vida é estranha, uma data de nascimento, um percurso quase decadente e a morte? Os céticos não para o inferno. Pois são céticos. Vigas de concreto diante do inimaginável. Não mergulham nas possibilidades, tudo é sempre dois e dois que são quatro.
Nada é real ou certeiro como a dama Morte. Caminhamos no escuro de nossa ausência de memória de outras dimensões de onde viemos.
Estes dias voltando do trabalho, tirei fotos de órgãos genitais desenhados num ponto de ônibus. Por que esta obsessão? Solfidone tem alguma explicação?
Os céticos não vão para o inferno.
João Carlos Faria
2 de Dezembro de 2023
Fotografia, Vila Industrial, São José dos Campos SP.
local que uso para ler.
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