Sou um estrangeiro na minha própria cidade?

 

Sou um estrangeiro na minha própria cidade?

Joka Faria

A que ponto estamos chegando? Agora à noite, depois de ver os telejornais, resolvi vir escrever. E vi a frase acima no Facebook. A que ponto estamos chegando? Eu queria escrever uma crônica, um poema. Mas já começo realmente a pensar em me distanciar das redes sociais. Voltar a usar o WhatsApp como um mero telefone, não para um ativismo que nunca gera nada prático. Só nos resta ler e escrever. E Machado de Assis vira febre nos Estados Unidos, vi num jornal de televisão. Eu gosto de sites de notícias e telejornais. Mas hoje desliguei a TV e vim escrever, pois escrever nos relaxa.

A que ponto estamos em nossa sociedade? Onde ninguém mais, ou quase ninguém, se encontra para falar de poesia, filosofia? Ou até de política do dia a dia. Hoje até senti a falta das campanhas de rua. Como as cidades estão frias de calor humano. Estamos perdendo o contato real com as pessoas. Deste jeito, se tiver uma oportunidade, mudo de cidade. Já não convivemos mais com ninguém no mundo fora das redes sociais. Sou um estrangeiro na minha própria cidade? Então pode ser Sampa, Tóquio, Paris… Opa, onde não tenha mar. Com esta crise climática, quero evitar o oceano. Já basta a devastação no Rio Grande do Sul e no Litoral Norte Paulista. Temos que nos acostumar com a solidão. Pelo menos no meu trabalho, volto a pé para casa numa calorosa conversa com uma colega. E vamos viver tentando viver. Pois sobreviver é um absurdo.

João Carlos Faria

1 de junho de 2024, Outono.

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