É proibido falar os idiomas Alemão, Italiano e Japonês
Por Raul Tartarotti
Um míssil atingiu a população que não sabe o que fez de errado, porque o ataque se deu por conta de um mau que foi feito pelo vizinho, porém o tiro saiu contra todos. Por vezes, em silêncio, são ditas mensagens e enviados recados sem destino certo, que provocam lágrimas e pingos de sangue. A invasão de uma nação é violação aos direitos humanos, e pode custar caro a quem provocou, e gerar indenizações e constrangimentos aos lados envolvidos na questão. Crime de guerra, crime contra a humanidade, são mais dois temas que se somam a invasão na Ucrânia, um país com sua soberania política e social, sendo devastadas.
As vítimas de guerra são sempre as mesmas, soldados e o povo desassistido, ou seja, os que tem muito armamento na cintura, contra os que não tem quase nada na barriga.
Seguindo o plano destruidor, as economias desabam, uma pelo boicote à sua economia e a outra pelo tombo do tijolo, que teima em ficar preso a uma casa queimada.
Reconstruir com novo dinheiro, nova bandeira e decoração ao gosto do próximo líder é fácil. Recolher o sangue, reunir famílias separadas e destruídas, é impossível. Não há estadista que convença que valeu o esforço, que o pegar em armas foi a única solução, ou então que os dois lados tinham razão. É necessário matar.
Isso é muito diferente de outra reconstrução. Como foi a de uma mulher que viveu há 4 mil anos, e que virou uma escultura 3D, criada pelo artista Oscar Nilsson. Especialista em arqueologia reconstrutiva. Nilsson utilizou o crânio da nômade para realizar um trabalho minucioso que “a trouxe de volta à vida”, segundo informou o museu sueco Västernorrland. A caixa craniana da mulher foi encontrada há um século em uma sepultura de pedra na floresta em Lagmansören, na Suécia. Ao lado estava o esqueleto de um menino de 7 anos, que especialistas suecos acreditam ser o filho dela. O par pertencia a um grupo nômade de caçadores da Idade da Pedra, que acompanhavam animais migrando pelo rio Indalsälven, de 430 quilômetros de extensão.
Foi uma alegria ver novamente aquele rosto redesenhado em plástico, com olhos vibrantes e quase vivo, parecendo querer falar.
Mas, os corpos queimados, esquecidos no front Russo, talvez não tenham nenhuma possibilidade de reconstrução, é quase zero a hipótese de lembrança, se tornarão apenas números na lista dos que não voltarão pra casa encontrar seus amigos e familiares. Não serão mais lembrados em 3 mil anos, porquê não haverá a menor importância nesse evento, além daquele momento respirando, conversando e amando a quem quer que cruze em seu olhar em busca da sobrevivência, e de sua própria escolha.
Em março de 1949, o delegado de polícia da cidade de São Lourenço, no interior do RS, distribuiu placas pelo município com dizeres em represália ás guerras: ” É proibido falar os idiomas Alemão, Italiano e Japonês”.
Setenta e três anos após, a guerra nos proíbe de “estarmos vivos e sermos felizes, em qualquer idioma”.
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