Encontro com um místico

 

Encontro com um místico

Manhã de um domingo ensolarado no Parque da Cidade, em São José dos Campos. Eu me encontrava acomodado num banco, debaixo de uma árvore. Mantendo meus olhos fechados, meditava e pensava na vida. Recém saído de uma dengue, estava me recuperando.
De repente, levei um susto. Alguém me deu um bom dia e pediu licença para sentar-se ao meu lado. Aquiesci. Ficamos alguns minutos sem trocar uma única palavra. Era um homem de meia idade, cabelos grisalhos, aparência de místico. Como é mesmo a aparência de um místico? Então, ele puxou conversa, perguntando se eu estava bem. Disse-lhe que sim, em recuperação de um problema de saúde.
Passado esse primeiro momento, ele olhou-me firme nos olhos. Em seguida disse-me que devemos inquirir-nos sobre as causas reais de nossas enfermidades. “É senso comum atribuir os problemas de saúde a vírus, bactérias, causas congênitas, maus hábitos, e por aí vai…Porém, não atinamos com as causas reais, sutis, que transcendem os aspectos físicos”.
Para ele, a origem desses males deve ser procurada também em nossas naturezas mentais, emocionais e comportamentais, e deu alguns exemplos. “Adoecemos, quando não somos nós mesmos; quando nos rejeitamos, ao abdicar de nossa singularidade; ao deixar de viver por inteiro o que e quem somos realmente. Essa é a escolha que fazemos para agradar a alguém ou à sociedade, na tentativa de nos adequarmos às suas regras. Ao agir assim violentamos nossa natureza original, provocando desarmonias em nosso organismo, sem o percebermos. Isso corrói a alma e o corpo, debilitando nosso sistema imunológico. A medicina tenta mascarar os sintomas por meio de medicamentos, tratamentos, mas um dia a doença irrompe para valer e pode não mais haver retorno”.
Ouvi tudo atentamente, até o momento de perguntar-lhe o que poderia estar por trás dessas causas sutis. Seria algo mais sutil ainda?
“O medo pode ser uma delas”, foi sua resposta direta. “Medite, aprofunde-se no autoconhecimento, descubra quais são seus medos. Onde estiver seu medo, aí se encontra seu verdadeiro problema. Preste atenção em seus pensamentos e sentimentos. Eles são energias ocupando um espaço em sua consciência. Observe-os. Cuide deles.”
Fiquei pensativo por algum tempo, antes de nos despedirmos.
Ele se foi, mas deixou-me um conselho: “Mantenha-se conectado com a VIDA de sua vida”.

Por Gilberto Silos

Sobre Gilberto Silos 225 Artigos
Gilberto Silos, natural de São José do Rio Pardo - SP, é autodidata, poeta e escritor. Participou de algumas antologias e foi colunista de alguns jornais de São José dos Campos, cidade onde reside. Comentarista da Rádio TV Imprensa. Ativista ambiental e em defesa dos direitos da criança e do idoso. Apaixonado por música, literatura, cinema e esoterismo. Tem filhas e netos. Já plantou muitas árvores, mas está devendo o livro.

1 Comentário

  1. Que encontro plausível!
    É tão bom a gente encontrar pessoas interessantes, ao acaso…se é que existe acaso no Universo.

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