Os limites da linguagem humana
Como tantas outras pessoas, eu também encontro dificuldades em expressar tudo aquilo que sinto e penso. Não se trata de inspiração ou coisa parecida. A escrita e a oralidade não têm abrangência absoluta.
A linguagem se desenvolve a partir das nossas vivências e experiências individuais no mundo do espaço e tempo. Parece ser o limite das nossas percepções e capacidades cognitivas.
Se isso ocorre neste plano, pode-se imaginar quando se trata de entender o Transcendente.
Muitas tradições religiosas afirmam que Deus está além das palavras. Mas, paradoxalmente tentam defini-lo. E, para fazê-lo não acham outra saída além do uso de termos humanos, finitos, para expressar aquilo que transcende todas as terminologias.
A esse respeito, algumas sabedorias são mais realistas e diretas. O Tao Te Ching, por exemplo, começa afirmando: “O Tao que pode ser nomeado não é o Tao eterno”. Quando Jeová manifestou-se a Moisés na montanha, e este perguntou qual era seu nome, a resposta foi imediata: “EU SOU O QUE SOU”. Aos ouvidos profanos a Divindade é inominável. Para Meister Eckhart, místico medieval, o Divino está muito além das palavras.
Excetuando-se as questões dogmáticas, muitas vezes os conflitos entre as crenças existentes restringem-se a palavras. Se aceitarmos a afirmação esotérica de que o Divino é Uno e oniabrangente em sua essência, é plausível admitir que a palavra gerada nos limites humanos pode causar divisões.
Muitos autores e estudiosos das filosofias mais profundas, não hesitam em indicar a prática da meditação como um recurso capaz de aproximar-nos de algo maior que nós mesmos. Seria um caminho para o contato com o Transcendente, onde poderíamos beber de uma fonte de inigualável sabedoria. Mas, para transmiti-la aqui no mundo físico, ainda que recorrendo a analogias e metáforas, faltariam palavras. Palavras.
Por Gilberto Silos
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