E Também se Pesquisa Quadrinhos no Nordeste Brasileiro
Por JORGE HATA*
E é dentro destas perspectivas progressistas, cientes de que a produção de histórias em quadrinhos pode contribuir também à resolução da problemática social – pelo menos em termos de mudança de mentalidade – que alguns nordestinos, interessados em dar uma resposta coletiva ao truste do quadrinho estrangeiro, partiram para a conquista dos veículos adequados. Antes, houve aqueles que, não se alicerçando em verdadeira consciência da necessidade de formação cultural da indústria editorial dos quadrinhos no nordeste e, portanto, não lutando em termos de lógica de consumo, mantiveram-se com tímidas tentativas.
Como a história da “Conquista do Fogo”, publicada em quadrinhos no “Diário de Natal” (Natal, Rio Grande do Norte), em 1.959, pelo natalense Poti (José Potiguar Pinheiro), ou a criação de um personagem de aventuras, em 1.963, na cidade paraibana de Campina Grande, O Flama, por Deodato Borges, que o publicava numa revistinha, depois de divulgá-lo em forma de rádio-novela, numa emissora campinense. A Paraíba, aliás, tem contribuído nos últimos tempos, com as sátiras de Luzardo e Anco, usando humoristicamente Batman na pele de “Batmadames”, no Pasquim do Nordeste – o Jornal Edição Extra.
Jornal Edição Extra – Fora, tem se criado boas histórias em quadrinhos, que todavia permanecem inéditas como as experiências de Falves Silva & Alderico Leandro (em Natal), ou as dos recifenses Ivan Mauricio & Humberto Avellar. Em maio de 1.971, nascia o GRUPHQ (Grupo Pesquisa HQ) em Natal, formado por uma equipe de jovens pesquisadores e desenhistas, integrado inclusive por D. Lucas Brasil, quadrinista entusiasmado e padre católico da linha da Igreja Pós-Conciliar. O trabalho do GRUPHQ começou em maio mesmo, elaborando uma revistinha informativa, sob o título de GIBI/NOTÍCIAS. A partir de agosto, começou-se a publicar um suplemento sobre quadrinhos no matutino local, o “POTI”, colocando assim, semanalmente, nas mãos dos leitores nordestinos, tiras com personagens feitos e imaginados inteiramente por autores locais. Emanoel Amaral publica o “Super-Cupim”, Lindberg Revoredo, “Dom Inácio” (Bispo de Itaipú) e “Ambrósio, um Barato de Barata“, Luís Pinheiro, as aventuras do “Tenente Wilson”, Ademar Chagas, as aventuras de “Inigma” e Reinaldo Azevedo, as aventuras da “Família Bonney” e o “Coveiro”.
*JORGE HATA
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