A viagem temporal de Batman: de Einstein a Eram os deuses astronautas.
Imaginem, misturar referências de “Eram os deuses astronautas” + Viagem no tempo + os Novos Deuses ( personagens criados por Jack Kirby em sua passagem pela DC, quando ele criou Darkseid.) + Batman, resposta, você tem o excelente roteiro de Grant Morrison “Batman – O retorno de Bruce Wayne”. Nesta história a mitologia do Batman tem em sua vasta extensão de feitos aumentada, aqui Bruce Wayne após matar Darkseid, é vítima de um raio ômega, ao invés de morto, como todos pensam, Bruce é transformado numa arma viva no tempo, voltando para o passado Bruce começa uma jornada rumo ao presente, sem saber que cada salto temporal o carrega como uma energia destruidora.
Mais essa premissa nas mãos de Grant Morrison se torna muito mais que uma história, torna-se uma história carregada de elementos narrativos e estéticos sofisticados e originais, utilizando linguagens clássicas em certos momentos, de forma magistral. Acompanhamos a jornada para o presente de Batman, que nesse caminho é confundido com um “deus astronauta”, pelos primitivos homens das cavernas, que residem no local da futura Gothan, dá origem a uma seita para louvar um deus morcego, resolve um mistério revelado por pistas temporais, vemos também, piratas atrás de tesouros, inquisidores atrás dos demônios, Jonah Hex caçando Bruce nos tempo do oeste, e muito mais.
Os elementos narrativos utilizados por Morrison, permitem que uma história como essa se desenrole capítulo após capítulo de forma magistral, onde cada temporalidade é representada por tipos diferentes de ilustrações e o texto acompanha por horas, as tendências narrativas mais características da época retratada, como por exemplo, o argumento da história sobre o início do século XX, que assume um tom Pulp.
Milhões de referências a livros, fatos históricos, grupos religiosos, elementos da mitologia do homem morcego, etc., objetivamente ou subjetivamente levam o leitor a uma viagem interessante, complexa e acima de tudo inteligente, pelo mundo do morcego. O intelecto de Batman é levado a confrontar uma armadilha temporal cósmica que lhe tirou a memória e o soltou no passado, um desafio somente possível de ser vencido nas mãos de poucos personagens da literatura mundial, Holmes, alguns personagens de Borges, assim como de Garcia Marquez, também obteriam sucesso, entre outros.
Para quem curte quadrinho com conteúdo e veem no quadrinho de super-herói um estilo cheio de clichês e sem conteúdo crítico, pode ter certeza, Morrison oferece nesse arco tudo isso, inclusive clichês, usados de formas inusitadas e inteligentes. Morrison, que no comando do morcego deu ao homem-morcego um filho, um tio maluco, uma viagem no tempo, uma corporação, etc. Esse trecho em especial brinda o leitor com uma viagem digno pelo mundo de realismo-fantástico que é o mundo do Batman.
Rodolfo Salvador
2017
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