Desacordado – Poema de Paulo Vinheiro

Desacordado

Por Paulo Vinheiro

Expirada a fase de se ver só
Iniciados os tempos de compartir
Ir ou ficar ou desiludir

Um espelho muito estranho
Insiste de nada mostrar de mim
Assim desapareço entre escombros

Cada passo à frente impressiona o retrocesso
Uma marca, um sinal, um silêncio
Interprete da razão sobra e
Não fecha o sentido, espatifa a lógica

Dizer sem intenção
Poetizar sobre flores murchas
Pomares de salgadas águas
Desplantações desmesuradas

Do mínimo ao máximo
Tentando fugir dos clichês
E a cada tentativa mais dependendo deles
Ai de quem quer buscar o diverso
E, ingenuamente, abraça tudo que detesta

Minha cabeça dói daquilo que soube
Me confortam as coisas que acho saber
Confronta a lógica da ciência ao que creio
Resultados estilhaços que se expelem de mim
Palavra granada que explode em letras

E num crescendo fecho a porta
Fecho os olhos
Durmo
Sonho

Um esforço para não esquecer…
Abaixo de medíocre é o que?
Temo esquecer até o que pode ser melhor.

Sobre Elizabeth Souza 407 Artigos
Elizabeth de Souza é coordenadora e editora do Portal Entrementes....

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