Desacordado
Por Paulo Vinheiro
Expirada a fase de se ver só
Iniciados os tempos de compartir
Ir ou ficar ou desiludir
Um espelho muito estranho
Insiste de nada mostrar de mim
Assim desapareço entre escombros
Cada passo à frente impressiona o retrocesso
Uma marca, um sinal, um silêncio
Interprete da razão sobra e
Não fecha o sentido, espatifa a lógica
Dizer sem intenção
Poetizar sobre flores murchas
Pomares de salgadas águas
Desplantações desmesuradas
Do mínimo ao máximo
Tentando fugir dos clichês
E a cada tentativa mais dependendo deles
Ai de quem quer buscar o diverso
E, ingenuamente, abraça tudo que detesta
Minha cabeça dói daquilo que soube
Me confortam as coisas que acho saber
Confronta a lógica da ciência ao que creio
Resultados estilhaços que se expelem de mim
Palavra granada que explode em letras
E num crescendo fecho a porta
Fecho os olhos
Durmo
Sonho
Um esforço para não esquecer…
Abaixo de medíocre é o que?
Temo esquecer até o que pode ser melhor.
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