Retina
Madrugada, a melancolia me acompanha, gotas de choro. Talvez me faça sentir que existo, mas já não resisto. As nossas indiferenças civilizatórias.
Já li inúmeros poetas. Até me reli. Sim me achei, não me procurando. Velhos poemas que os releio. É madrugada, assisti “Bicho de sete cabeças”. Ainda não vi o filme que ainda não escrevi, nem ouso escrever versos. Nunca me arrisquei num soneto. Cadê a concretude dos poemas concretos? Hoje vi as tristezas das ruas. Quantos pedintes. Assisto ao jornal nacional. Quantos desastres em Minas sem estradas. Sou paulista por criação neste Vale do Paraíba.
Meus escritos se perdem no Entrementes. Não os guardei em livros que nem serão lidos. Salto em abismos. Não olhe para o céu. A voz da AMAZÔNIA ainda não os li ainda.
Hoje ainda será domingo, daqui a pouco dezembro. Não resistimos a este caos. Nem sei se voltarei à inocência de criar poemas. Não quero mais ser marionete dos tolos do poder. Foda-se o sistema! Não somos comunitários. Só quero o murmurar e o caos de uma sala de aula onde eu seja o regente. Madrugada, a melancolia me acompanha. Nunca beberei cicuta, pois sei da não existência de deus e o diabo.
A existência contínua quando este personagem deixar de existir.
Hoje o Sol brilhará na Via Cambuí. E não falarei de amores inexistentes.
Não tenho o sagrado sexo de todos os dias, a barba cresce. Estou nu diante deste teclado. Cadê as Pasárgadas e as mulheres que escolherei?
Joka Faria , 16 de Janeiro de 2021
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