A Dama Mourisca
A dama mourisca, tal qual Sefora, a sacerdotisa
equilibra o seu temor
sobre o brilho daquele áureo candelabro.
Delicadas elipses,
teias tecidas na conjuntura da infinitude
naquele céu noturno do corpo feito lua minguante.
Sem corda para segurar, sonha-se o sonho.
Dos espaços sem limites, o olhar pende…
Para onde?
Duplo éter daquela viagem
Naquele momento ela finge lançar-se desavisadamente
ao som de uma música que só ela ouve.
Circunscrita por um cortejo ígneo
que há tantas jornadas a acompanha,
ela é a própria razão de ser da luz.
Guardiã e súdita
Confidente e mensageira…
Ela solta seu corpo e tudo gira
A vida, ideias, imagens, paisagens, histórias, pensamentos, premonições e distúrbios.
Em que se pendura esse candelabro de samsara?
Quando vai voltar a rodar?
A (equilibrista) moura mantém seu delicado equilíbrio
Prazerosamente, ébria no seu próprio ser.
Obediente aos ditames
daquilo que julga fazer ela parte
à maneira do fio que enlaça as contas do colar,
confunde-se inevitavelmente ao seu desenho.
…Numa noite qualquer de estrelas presentes, ela retornará
para nos alertar sobre o próximo giro da roda.
Tomará fôlego, e sorrirá.
Um sorriso calmo e acolhedor. Compreensivo…
E, embalados por esse semblante, desta vez, nós sonharemos.
Enquanto ela, dançará…
Marina Alexiou, São Paulo – SP
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