A deseducação nossa de todos os dias
Ao mestre Ghiraldelli
Nesses tempos estranhos tem filósofos em abundancia, mas alguns, quando os descobrimos, nos tocam a alma. Antes nunca tinha lido ou ouvido falar de Paulo Ghiraldelli, seja nas Caros Amigos, Folha e outras publicações. Seus vídeos estão gerando em mim um habito novo, menos leitura de artigos no UOL, embora eu goste mesmo é de leitura em papel. Mas minha vista já não consegue ler na sala de leitura do SESC.
Para variar, tudo que é novo e vem com alma de mudanças leva inúmeras porradas, como num poema de Fernando Pessoa. Que pena, este acesso já quase aos cinquenta e um ativismo mais de derrotas que vitórias. Ghiraldelli nos ajuda a entender esse caos em que estamos, mas sempre sobra um espaço para livros entre um concurso e outro. No momento, o livro Macunaíma de Mario de ANDRADE. Que Brasil é esse que estamos desconstruindo? Sabemos dos desafios da educação, pois se a política está nos afundando enquanto nação, é por causa de nossa deseducação. Nosso pouco esforço enquanto cidadãos, para melhorar nosso aprendizado.
Assistindo o filme “O menino que descobriu o vento”, vemos toda a importância de aprender e por em prática o que aprendemos. Um garoto na África consegue gerar energia através do vento e acaba com a fome em sua aldeia. Conhecimento nos transforma, desde que o coloquemos em prática. As aulas gratuitas do professor Ghiraldelli nos trazem outras definições de luta cidadã; Além de nossa zona de conforto de uma esquerda tradicional, focada em partidos políticos. Essa desordem e retrocesso, pode levar o Brasil a um caminho de mudanças significativas. Essa triste desventura nos amadurece. Saiamos dela com uma democracia. Por que os jovens não acampam em frente ao congresso nacional? Por cidadania? Não é o momento de desespero e sim de luta de forma consciente. A vida nos oferece sim o novo, com democracia e não o caminho do fascismo. Nós realmente somos sujeitos históricos? Fico com as aulas de Paulo Ghiraldelli, pois nos abre inúmeras reflexões e oportunidades de como devemos agir no dia a dia da vida política.
Joka Faria
João Carlos Faria
Domingo 5 de 5 de 2019
Poemas
Ricardo Chacal
Estou na estação de trem de Itajubá
Esperando o trem passar
Sei que o trem mais não há
Trocado por cursos de informática
Pouco importa.
Estou na estação de trem de Itajubá
Esperando o trem passar.
Ricardo Chacal
Pastos de Minas
a vaca vaquinha
o verde verdão
um por cima por baixo
por dentro por fora do outro
ruminando
alheios ao capiroto
Nydia Bonetti
lembrar tem doido
feito farpas sob as unhas
(ao por do sol lateja)
o esquecimento
faz parar de doer
mas nos meus sonhos
todas as flores ferem
espinhos
Nydia Bonetti
busca pela flor que não nasceu
talvez a encontre
no limbo fundo da terra das flores por vir
talvez encontre cinzas
carbonizada flor de não buscar luz
talvez não a encontre
[…não sonhada flor]
Nydia Bonetti
a voz antiga me ronda, quer voltar
mas não sabe cantar essa voz então se arrasta, lenta, pesada
triste
carrega memórias e esquecimentos
lamúrias e dores e gritos ancestrais
e diz de campos de flores e trigo que já secaram
embarques /chegadas em trens e navios agora fantasmas
de mares e rios que transbordaram e estradas e trilhos cobertos
de árvores de cipós
o pó do dias embaça agora os olhos e a voz se perde
entre ruído e música que insistem em perturbar o tom
e o ritmo original
dissonante poema que oscila entre o que não pode ser
e o que se perdeu no caminho
Blog do Ghiraldelli
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