
A fina ironia de Machado de Assis
Machado de Assis, um dos gênios da literatura brasileira, além de primar por um texto fluente e elegante, soube, como poucos escritores, usar de uma fina ironia na descrição da sociedade de sua época e de seus tipos humanos. Observador arguto, nada escapava ao seu espírito crítico. Tudo se revelava na sutileza mordaz de sua pena. Ele o fez utilizando frases que podem ser encontradas em seus romances, contos, crônicas e artigos publicados na imprensa. Abaixo selecionamos algumas.
Abordar a hipocrisia era o seu prato predileto, como ele o fez em seu conto “O Empréstimo´´: “Está morto. Podemos elogiá-lo à vontade.´´
Nunca deixou de lado o realismo: “Os adjetivos passam. Os substantivos ficam´´;
“Também se brilha pela ausência´´;
“Mas, o que não é banal debaixo do Sol, desde o amor até o empréstimo?´´; “Não é só o inferno que está calçado de boas intenções; o céu emprega os mesmos paralelepípedos´´;
“Não era verdade, mas não é a verdade que vence, é a convicção“.
“Meu senhor, respondeu-me um longo verme gordo: nós não sabemos nada dos textos que roemos, nem escolhemos o que roemos, nem amamos ou detestamos o que roemos; nós roemos´´.
Nunca faltaram críticas à sociedade de seu tempo e ao que nela ocorria:
“A corrupção escondida vale tanto como a pública. A diferença é que não fede´´;
“Qual foi verdade nova que ainda não encontrou resistências formais? Colombo andava mendigando uma caravela para descobrir este continente; Galileu teve de confessar que a única bola que girava era a sua.´´
E por aí vai…
Por Gilberto Silos
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