Por Milton T. Mendonça
Amanhecia, o primeiro raio de sol surgiu fulgurante no horizonte criando um espetáculo único, prenunciando um dia ensolarado e febril. O sino repicou anunciando a primeira missa daquele domingo de setembro. As ruas ainda deserta e cheia de sombras criavam o clima de mistério que os turistas gostavam de encontrar quando por ali passavam.
O fotógrafo postado no meio fio direcionou sua câmera para a porta da igreja, queria capturar o momento que se abrisse e os raios de sol invadissem a nave. Esperava que o sacerdote estivesse a postos como da primeira vez que viu a cena. Ficou comovido até as lágrimas.
A luz solar foi se aproximando iluminando tudo ao redor até alcançar os degraus do templo, subindo um a um. O fotógrafo se postou atrás de sua máquina e orou para conseguir o efeito desejado.
A porta da igreja se abriu lentamente e o padre, com sua vestimenta toda negra, surgiu. O sol se derramou sobre ele, o deixando cheio do brilho que todos esperam ver sobre os santos, quando se encontrarem cara a cara com eles, na outra vida.
Satisfeito, o fotógrafo correu ao seu laboratório. Ao revelar o instantâneo, qual não foi sua surpresa ao se deparar, não com um santo, mas com uma coisa cheia de braços, chifres e rabo.
É que naquele instante, enquanto apertava o interruptor da maquina fotográfica, os pássaros que habitavam a cumeeira, como se recebessem uma ordem, saíram todos ao mesmo tempo entrando na luz que cobria o pároco, criando o efeito, e transformando a fantasia em realidade.
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