A importância da impressão
Ao amigo Jorge
Por Teresa Bendini
Meu voto é pelo livro impresso. Todos nós sabemos da experiência única, vivenciada por quem tem nas mãos as páginas perfumadas de uma revista ou livro recém impresso. Não tem como não defender a impressão. É lógico que a minha defesa passa pela necessidade de pensarmos no emprego de muitos brasileiros. Oferecer trabalho é nossa questão mais urgente. E agora eu estou falando dos profissionais ligados ao que é impresso. Porém outros argumentos permeiam minha defesa. As matérias, as mais variadas, só podemos saboreá-las, devido as vantagens da impressão. Ler, é uma experiência sensorial que faz da leitura, ARTE. E essa afirmação pode ser confirmada pelos escritores. Devemos nosso talento à experiência de ler. Não existe escrita sem leitura, todo escritor sabe disso, portanto, LITERATURA é antes de tudo, LEITURA.
A literatura só existe porque antes, existiu a leitura, ou seja, todo grande texto, teve como base outros tantos preciosos textos, lidos com paixão. Ora, todos nós sabemos que a paixão pede contato físico. Fico a imaginar as leituras que o Hemingway fez antes de escrever “O velho e o Mar”, ou quais foram as leituras que vieram antes de Dom Casmurro, do Machado. Com certeza, eles não aprovariam a leitura digital. Quanto aos contemporâneos, haveria algum escritor, que se contente em ler uma obra, que por certo originará outras, em seu computadorzinho? Como disse, não se faz literatura sem paixão. E ler é um exercício apaixonante. Precisamos escrever no livro, anotar pequenas frases, grifar outras, precisamos ter o livro nas mãos para tê-lo no coração. É preciso apalpá-lo, para acariciar seus personagens ou bater neles. E saibam, meu livro de cabeceira é também aquele, que eu quero dar aos amigos. Quem não gosta de ganhar um livro de presente? Jamais poderia dar a um amigo um link de leitura onde ele abaixa o PDF. Nada substitui a experiência de abrir um livro, de folheá-lo e de visualizá-lo in natura. Entrar numa livraria vai ser sempre meu programa preferido. Jorge Luís Borges imaginava o paraíso como sendo uma biblioteca. Não vamos tirar o Borges de seu paraíso, portanto, peço aos leitores que concordam com ele, que aprovem esse texto. E que ele possa ser impresso em alguma revista. Precisamos de mais estantes cheias. O livro físico é e será sempre meu companheiro mais fiel, vai estar comigo, na cama, no sofá, na rede, na praia, no avião, num sitio distante. E principalmente onde minha solidão estiver, porque nessa hora, “abraçar” fará toda a diferença.
(Teresa Cristina Bendini escreveu o livro de poemas “Amor em Azul”, pela editora Telucazu, é autora de sete livros infantis. No livro “Krenak, o Menino dos Braços Compridos”, a autora produz a sua versão para crianças do urgentíssimo texto de Ailton Krenak, “Ideias para adiar o fim do mundo” . É colaboradora da Revista Entrementes desde 2015).
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