A influência de Tio Sam – Histórias
Foi na cidade de Casa Branca, numa tarde calorenta de 1950. Eu , com nove anos, estudava no terceiro ano do Curso Primário.
Toca a sirene, anunciando a hora do recreio, intervalo para o lanche. Em fila indiana descemos para o pátio. De repente, abrem-se os portões. Entram dois caminhões e os motoristas descarregam engradados contendo garrafas avermelhadas de um refrigerante. À ordem do diretor, todos em fila vão receber uma garrafa e saborear pela primeira vez aquela bebida, por nós desconhecida, chamada Coca-Cola. Fomos informados de que era um refrigerante originário dos Estados Unidos, agora distribuído no Brasil. A criançada, que conhecia apenas o Guaraná, ficou apaixonada pelo sabor daquele novo refrigerante. Dali em diante aquela bebida nos conquistaria. Guaraná passou a ser considerada bebida de pobre. O chique era beber Coca-Cola, assim como apreciar todas as novidades que chegavam dos Estados Unidos.
No mesmo ano, o único cinema da cidade exibia o filme de guerra “Iwo Jima, o portal da glória”, com John Wayne no papel principal. A cena marcante foi a dos fuzileiros navais americanos hasteando sua bandeira na colina, após venceram a sangrenta batalha contra os japoneses.
Certa vez a professora, em aula de História, falou-nos, emocionada sobre o heroísmo dos pracinhas brasileiros na Segunda Guerra Mundial. Relatou-nos como conseguiram derrotar as tropas alemãs nas montanhas geladas da Itália. Tarde demais, pois já havíamos escolhido John Wayne como nosso maior herói. E passamos a usar a palavra “OK” com frequência. Era OK prá cá, OK pra lá, e assim nossa cultura foi invadida. Ok?
Por Gilberto Silos
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