A magia da Copa

Mineirão, 8 de julho de 2014. Eu era um dos 58.141 pagantes no Brasil X Alemanha.

Tudo ia bem quando, aos 11 minutos, Thomas Müller marcou contra a Seleção. Deu-se o apagão. Uma energia muito pesada caiu sobre o lugar. Não saberia defini-la em palavras, nem usando a linguagem poética.

Nesse momento, um homem alto, cabeça coberta por um capuz negro, ficou bem próximo de mim. Enquanto todos amaldiçoavam o resultado, o indivíduo me colocou nas mãos uma lâmpada daquelas de Aladim.

– Se quiser que o seu time reverta esse resultado, que será arrasador, esfregue a lâmpada mágica dizendo o placar que deseja.

Imaginei duas hipóteses. Ou se tratava de um desequilibrado mental, ou eu estava sendo assaltado. Contudo, me encontrava redondamente enganado.

– Faça o pedido agora – disse o encapuçado -, mas pense bem. Digo-lhe o porquê depois…

A fala do estranho era segura. O que custava entrar na brincadeira?

– Ok, eu quero que o Brasil vença a Alemanha por 7 a 1 – ordenei.

Mal acabei de comunicar meu anseio à lâmpada e Oscar, aos 23 minutos, balançou as redes de Neuer. Olhei para o lado, o estranho havia sumido. Aquilo só podia ser uma grande coincidência.

Entretanto, aos 24 e aos 26 minutos da peleja, Hulk me deixou atordoado: meteu mais dois gols em cima da Alemanha.

Nem bem eu me recuperara da estupefação, agora vinha Fred e fechava 4 a 1. E, antes do final do primeiro tempo, ainda viria um derradeiro choque: Bernard despachou o quinto gol.

A loucura envolveu o Mineirão. No intervalo inteiro, busquei o mascarado feito um perdigueiro: nada de nada. Recomeçara o segundo tempo. Os alemães eram zumbis em campo. Não tardou para que, aos 21, Fernandinho estufasse mais uma vez a rede. 10 minutos após, ocorreu o impensável: David Luiz, saindo lá de trás, driblou o time germânico inteiro, e executou de sem-pulo: Brasil 7 X Alemanha 1.

Kroos, Özil Klose, abraçados ao técnico Joachim Löw, pranteavam. Quando mirei a lâmpada mágica, o encapuzado reapareceu. Arrancou-a de minhas mãos e disse:

– Desejo realizado. O pagamento é o Brasil perder de 7 a 1, para Camarões, no Catar. Te vejo em Doha.

(Publicado no O Dia)

Sobre Carlos Castelo 49 Artigos
Jornalista, poeta, humorista profissional diplomado. Um dos criadores do grupo musical Língua de Trapo.

1 Comentário

  1. Caramba, preço alto por um pedido atendido, né não?
    Mas tudo bem se o Brasil perder para Camarões, não pode perder para a Alemanha, certo?

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