A propriedade nos oprime
Reflexão de Joka Faria
Uma canção na vitrola quase virtual toca “Fui tudo culpa do amor” na voz de Barbara Eugenio. E o corvo sai no Entrementes. Qual a diferença de ler e escrever nestes dias de desktop? Uma segunda de madrugada num hospital todinho para mim. Uma emergência no hospital da cidade. Lugar que um dia iremos e jamais voltaremos. Gostaria que meu corpo fosse cremado e sem cerimônias religiosas. Reler o Corvo. Me ler. Este meu utópico livro QUE sempre se desfaz, sou cronista, quase poeta. Maravilhado como leitor. Só não leio bula de remédio.
E o twitter hoje X, poderia ser W, J. Agora tem um só dono. A propriedade nos oprime. Cubanos indo a Rússia morrer para sobreviver. No México pessoas são deixadas num trem a centenas de quilômetros da fronteira.
Minha garganta infeccionada e continuo a ouvir Bárbara Eugênia. HOJE na Folha de São Paulo fiquei sabendo da existência de um poeta, o Nei Lopes. Nunca vi ser mencionado nos circuitos literários. Já pesquisei. Vou deixar os dados aqui no Entrementes. Afinal para que escrevemos? Para reescrever infinitas vezes o mesmo texto. Como as canções que ouvimos e a perplexidade de viver.
Nunca na juventude me preocupei com a aposentadoria, eu seria alguém fundamental e contínuo no mesmo bairro desde 1982. Aqui tem hospital e velório. Assim um jovem amigo me falou há alguns anos. Eu me daria bem nas imediações do SESC. Pobre cosmopolítica. Tem um colega ator e poeta que anda pelo México não em trens; ele é meio da média da USP. Quero aprender a me soltar – agora entrou Léo Mandi.
A propriedade nos oprime e o que nos dirá um poeta bancário, economista? Quantas médias para se sobreviver nas escolas? A escola é um caos em que teóricos teorizam a realidade. Eu achei que ia me dar bem. E conseguir ter tempo para fazer filmes. Só me sobra a leitura e a escrita. A propriedade nos oprime, a propriedade nos oprime…Quem sabe um funk, a propriedade nos oprime.
João Carlos Faria
4 de Outubro de 2023, Primavera
Sapos na Cambuí show de Léo Mandi
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