Ao final de tanto!
Por Raul Tartarotti
No teatro Pantomima presenciamos uma apresentação onde metade do sentido da obra surge através dos gestos dos atores. A outra metade você mesmo cria a seu bel-prazer.
Em sua mente pode aparecer uma cena de horror quando seus dias estão carregados, ou uma paisagem deslumbrante sinônimo de como você está de bem com a vida. Sua metade imaginada ao vivo tem o mesmo gosto do prazer exclusivo de sua escolha, porque somos egoístas no quesito felicidade, empacotada nas mãos a disposição de um instante para se expor, ou enxugar os olhos marejados.
Mas se a cena no palco partir de seres sem rosto, recém chegados nesse planeta, e descobrindo o mundo como se acabassem de nascer, o que você escolheria pra começar tudo de novo? Onde iniciaria sua desventura repaginada com uma lista de quero mais isso, ou nunca faria novamente o que tanto se desgastou?
O silêncio das ideias traz a tona o sonho, a espera de um despertar magoado pela demora em se desmanchar em vida.
Nem todos os atos nos levam a ser o “Lanterne Rouge”, expressão tirada do transporte ferroviário popular no século XIX, como o último vagão do trem que acendia uma luz vermelha para mostrar que era de fato a última composição.
Nossas escolhas estão sempre em transformação e se modificam na fila da esperança quase todo santo dia, por isso fica difícil nos chamar de Lanterna nesse campeonato da existência.
Manter-se a frente das novidades nos permite escapar da sinfonia do Flautista de Hamelin, que conduziu a seu interesse cento e trinta crianças para uma caverna sem saída.
“Ao final de tanto viver, não tenha pena dos mortos, mas sim dos vivos, dos que vivem sem amor”. J.K.Rowling.
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