Por Barata Cichetto
Um dia, nem que seja em memória, estarei em alguma Feira Literária. Um dia, nem que seja em lembrança, estarei em alguma Bienal. Um dia, nem que seja nunca, estarei lançando um livro por uma Editora. Um dia, nem que seja jamais, estarei presente numa relação de escritores do Cone Sul, ou dos melhores escritores da Zona Leste de São Paulo. Um dia, nem que seja tarde, acordarei cedo e cansarei a mão de dar autógrafos num evento de alguma livraria, e recolherei algum dinheiro na barraquinha de venda dos meus livros. Um dia, quem sabe, quem sabe, estarei morto antes de qualquer coisa dessas aconteça. E quiçá um dia, eu possa encher o peito e mostrar, em rede social, uma foto com uma pilha de livros lançados pela editora fulana de tal, a bacanona do pedaço, por onde saiu meu livro mais recente. Um dia, nem que seja sempre, estarei esperando. Um reconhecimento que teima em não chegar e que possivelmente nunca se fará presente e que jamais, nem morto, saberei o porquê. Sinceramente: obrigado aos senhores editores que sempre recusaram meu nome sem me conhecer, que me recusaram sem ler sequer um dos meus milhares de poemas, milhares de crônicas, enfim, por desprezarem meu trabalho. Obrigado aos leitores que nunca me leram, mas me acham um grande escritor. Obrigado. Um dia poderei lhes agradecer pessoalmente, mas por hora, ainda estou vivo.
29/04/2017
Publicado em: http://baratacichetto.blogspot.com.br/…/aos-meus-amigos.html
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