Aprendo fácil fácil
Aprendi
a adormecer um poema
e ressuscitá-lo no dia seguinte
numa respiração boca a boca.
Disseco palavras ainda cruas
e as penduro num varal de arame farpado
para escorrer o sangue fresco
tornando-as entidades vivas e pensantes.
Aprendi a ouvir
com atenção des-dobrada
a doçura e a maciez de uma voz
que me inspira e me faz derreter.
A inspiração vem até mim
como água que escorre de uma fonte
bebo aproveitando cada gota
como se fosse a última a pingar.
Aprendi a esperar uma resposta
com a paciência que nunca tive
Só para saborear com gosto
palavras articuladas com precisão.
Cada palavra bem dita
vira uma possessão demoníaca
um feitiço bem feito
deixando sequelas irreparáveis.
Aprendi que o silêncio
são palavras em off
espalhando-se por dimensões paralelas
em linguagem de sinais.
As consequências do verbo
são as efígies mentais
que serpenteiam sobre minha cabeça
acariciando meus neurônios em desalinho.
Até quando?
Elizabeth de Souza
04-Janeiro-2021
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