Qual é a utilidade da arte? A arte é útil? Para quem é útil? Quais questionamentos e provocações nos rementem a Exposição ARTE VIVA?
Imagine uma São José dos Campos com um Instituto de Belas Artes – e este já vindo do inicio da década de sessenta. Imaginou? É claro que é muito subjetivo, mas, sem dúvida, a cidade seria outra. Quão positivos não seriam os efeitos criativos aos rumos da cidade? Pois saibam que por um triz não desfrutamos duma São José mais libertária. Cabe a nos lutar pelas transformações que necessitamos.
Esta terra, polo tecnológico, já abrigou a Escola de Belas artes do Vale do Paraíba (EBA) que fora fundada em 1962, na gestão do então prefeito, Sr. Elmano Veloso, e dirigida pelo pintor holandês Johann M. Gütlich. A escola funcionou entre 1962 a 1970, tendo entre seus alunos nomes como: José Carlos Queiroz, Claudionor Chaves Itacaramby, Kuno Shiefer, Ângela Savastano, Tova Cohen, Rui Montenegro, Sósthenes de Miranda Jr, Omar Fonseca, entre outros. A escola fora fechada pelo governo do prefeito Sobral e este espaço, com tal estrutura, nunca mais foi recuperado.
Uma Escola de Belas Artes, um Instituto de Artes e esse convívio, poderia fazer da relação com a comunidade mais interessante, provocando coisas inéditas e fazer de São José dos campos uma cidade protagonista, de propostas inovadoras.”
Ana Maria Bomfin
E essa é umas das grandes reflexões que a exposição nos traz: o que a perda dum espaço como a Escola representa? Quanto faz falta um espaço direcionado para formação nas artes? Ao passo que esclarece as questões no início deste texto: A arte é útil! E suas linguagens são manifestação do povo e seus sonhos coletivos duma determinada época. As obras artísticas sempre trazem o contexto sócio-político-cultural em que foram produzidas. De mesmo modo que nos traduz e nos induz ao necessário lúdico, à necessária fabulação. Portando o acesso ao nosso patrimônio artístico deve ser livre, mas mais que isso: incentivado.
O Museu Municipal de São José dos Campos (a antiga câmara) se consolida como museu de artes a partir desta exposição, proposta pela artista plástica Ana Maria Bomfin (Pitiu), curadora. É a primeira vez que uma exposição nessas proporções é acessada pela gente joseense. Uma vitória que deve ser celebrada e explorada pela comunidade. “Nessas proporções”, tanto no sentido de fazer saber do desenvolvimento das artes plásticas no Vale, um pouco de nós mesmos como fruto desse período/movimento; quanto no fato de ser composta por cerca de 70 obras de 43 artistas, além de documentos, jornais, catálogos, convites, recibos de premiações, desenhos e esboços originais advindos do acervo do próprio museu e também de coleções particulares, do período da Escola de Belas Artes e do Ateliê Livre de Pintura, dois espaços que tiveram fundamental importância para as artes e seus encontros.
Entre os artistas componentes da ARTE VIVA estão: Tatiana Blass, Tereza Nazar, Mônica Nador, Régis Machado, Maria Bonomi, Alex Flemming, Maria Aparecida Ferigoli, Iracy Puccini, Tuneu, Edith Reinhart, Décio Soncini, Johann Gutlich, Nelson Quaresma, Luigi Zanotto, Claudionor Itacarambi, Luiz Irene Galvão, Sósthenes, Swoboda e outros. expostos em três salas temáticas, sendo duas a homenagear os artistas Johann Gütlich, professor gestor da Escola de Belas Artes e reconhecido internacionalmente por seu trabalho artístico; e Estevão Nador, coordenador do Ateliê Livre de Pintura e adepto ao movimento concretista. E sobre a distribuição das obras nas salas, diz a curadora: “A distribuição das obras nas salas não pretende reforçar qualquer classificação artística e sim lançar a diversidade como a grande riqueza do acervo, reflexo de um grande momento das artes plásticas na nossa cidade.Temos, portanto, um percurso plural desenhado pela artista plástica Célia Barros, que nos aproxima da multiplicidade das novas proposições artísticas, uma convivência sem dificuldades que preserva suas especificidades neste prédio histórico construído na década de 20 do século passado”.
Entrevistados: com Ana Maria Bomfin Pitiu, curadora da Exposição Arte Viva. E Washington Freitas, coordenador dos Museus e da área de patrimônio da Fundação Cultural Cassiano Ricardo.
Setor Educativo:
A equipe do museu conta com um Setor Educativo bilíngue, preparado para receber grupos escolares. As visitas em grupos devem ser agendadas junto a este setor, pelos telefones 3921-7587 ou pelo e-mail educativomm@fccr.sp.gov.br. A exposição poderá ser visitada de terça a sexta, das 9h às 18h, e aos sábados das 9h às 13h, com entrada gratuita. O museu municipal fica na Praça Afonso Pena, 29, no centro de São José dos Campos.
23-06-2018
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