As asas da liberdade
Domingo ensolarado. Caminhando pelo Parque da Cidade, detive-me a observar uma garça pousada, imóvel como uma estátua, numa ilhota no meio do lago. Fiquei a contemplar aquela bela ave por um bom tempo. De repente, via-a alçar voo, projetando a imagem refletida de suas asas na placidez das águas. O primeiro pensamento que me ocorreu foi sobre a liberdade. Aquela ave era livre para voar para onde bem lhe aprouvesse. O espaço infinito era o seu limite e o seu domínio. Instintivamente, ela sabia onde encontrar alimento e abrigo. Como afirma a narrativa evangélica, as aves não semeiam, nem ceifam, nem armazenam em celeiros, contudo a Sabedoria Cósmica as sustenta. A perspectiva da morte não as atormenta. Isso é exclusividade do ser humano, além de outros problemas existenciais.
Acomodei-me, em seguida, numa boa sombra e passei a refletir sobre o que é ser livre, ideia que a garça me inspirava.
O que é verdadeiramente ser livre? O que é liberdade?
Pode considerar-se livre uma pessoa demasiadamente preocupada com o que poderá lhe ocorrer ou deixar de ocorrer no futuro ? Ou que se mantém presa a acontecimentos passados, sem poder modificá-los ?
Que liberdade goza alguém que se melindra e deprime com a opinião alheia , sequiosa de aprovação externa ? Como ser livre, deixando-se subjugar pelos medos que governam nossas decisões e percepções ?
Fiquei pensando na condição humana, escrava de condicionamentos, sujeita a essa hipnose culturalmente induzida. Fala-se tanto em livre-arbítrio, mas ele pode existir em mentes bloqueadas por temores e apegos ?
Liberdade talvez seja encontrarmos o nosso verdadeiro ´´eu“, nossa mais pura ´´essência“, e viver segundo sua inspiração.
Terminei aquela reflexão sem chegar a conclusão alguma. Fiquei no ´´talvez“. Mas, ainda continuo a pensar naquela garça e em suas asas incrivelmente brancas. As asas da liberdade.
Por Gilberto Silos
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