Nem sempre é fácil agir. Ser humano é ter que conviver com inúmeros dilemas, reflexões que se amontoam na cabeça e tensionam nossos pensamentos e julgam nossas atitudes. No fundo tudo tem uma razão de ser, quando nos propomos a viver intensamente quem somos. Nos flexionamos dentro dos nossos limites, pois, não se atropela o caminhar. Na dimensão de uma construção, qualquer obra se apresenta como é, em seu estado mais puro e atual. Tempo a tempo, nos edificamos. Assim somos nós, apenas sombras de algo maior.
No âmbito das escolhas, só podemos ter como opções aquilo que os nossos olhos enxergam. Nem certo, tampouco errado, apenas nós, emaranhados nas nossas teias mais orgânicas e cruas. As escolhas são sempre legítimas, ainda que infundem atormentadas sensações, são sempre sentimentos propensos a nos encaminhar. Viver [nos] traz vertentes que ocasionam súbitas transformações, por isto é sempre necessário confiar em cada acontecimento, provindo do que fizemos ou recebemos. É a energia que ressoamos que pode trasladar o mundo para um ambiente saudável. Assim somos nós, reflexos do que acreditamos.
É preciso investir no plantio de dentro, para depois regar com mais serenidade os jardins que se apresentam diante de nós. Quanto não desperdiçamos ao buscar amar antes de nos amar primeiro? Quanto não ferimos ao expressar duras verdades nas horas que mais precisávamos ser serenos ou compassivos? Todo acordar devia – e deve – ser um constante olhar no espelho, como uma involuntária expiação, a fim de nos direcionar diariamente ao que deveria ser correto. O impulso que nos lança em abismos desnecessários. Assim somos nós, jardineiros em treinamento, aprendendo, dia após dia, a podar os galhos em excessos.
Crescer é se ver no semelhante. Não é preciso mais que empatia para nos conhecermos, para nos fusionar aos sentimentos do outro. Esta aproximação é o que principia o rito do respeito, da bondade e generosidade entre cada um de nós. Nem sempre é fácil desvencilhar dos muros que nos separam, das fronteiras que nos distanciam, porque o humano é de uma engenharia complexa por demais. Mas se soubermos olhar além, encontraremos o ouro. Poucos são os que [nos] olham através das frestas. Afinal, qual muro não esconde [e protege] um jardim? Assim somos nós, mais que apenas corpos…
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