Caminhadas
Gosto muito de andar por aí. Esse hábito antigo tem o dom de alegrar meus dias. Me dá uma sensação de leveza e liberdade. Aprecio as longas caminhadas. De preferência sozinho, em silêncio, mas longe de carregar a solidão. Acreditem, eu me sinto acompanhado por muita gente invisível. Sigo atento ao que vou encontrando pela frente. Observo pessoas, casas, árvores, animais. Tudo ao alcance da minha visão. Me encanto com as formas, cores, movimentos. Percebo vida transbordando. Sinto vibração e pulsação. Tudo parece ter histórias e propósitos, muito além de minha humana compreensão. Não me importo. De verdade. Há uma conexão com energias misteriosas, transcendentes. Elas falam à minha alma e ensinam que vida é movimento para algum ponto ou para lugar nenhum.
Cada passo na caminhada deve ter um significado, ainda que eu o desconheça. Algumas vezes minha trilha é aleatória, sem saber para onde vou. Isso não importa, porque meus passos podem também ser guiados pelo coração. E, sobre essa jornada, eventualmente sem destino, ouso fazer minhas, aquelas palavras de Santo Agostinho:? “O meu coração inquieto me estimula a prosseguir sempre nesse caminho que se perde no Infinito”.
Gilberto Silos
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