Caminhante da Mantiqueira sob o Sol escaldante

 

Entre a náusea e a vida? Não é a náusea de Sartre é a física mesmo há mais de dez dias. E viver é sempre uma ousadia. E nesta sexta (13 de Outubro de 2017), caminhei e fotografei uma parte de nossa Mãe Mantiqueira na Monteiro Lobato. Em busca de velhas novas rotas que cheguei a uma fazenda, a cachoeira que quero alcançar está numa outra estrada que já percorri e me levou ao Bairro do Souza, desta vez me levou até uma fazenda. E assim mapeio nossa Mantiqueira passo a passo sem medo da felicidade, mesmo que leve alguns dias para me recuperar. Neste árduo sol foi mais de dois litros de água pela estrada afora, sem nenhum lobo? Não sou Chapeuzinho vermelho. Meus pés e a cabeça querem desvendar o mundo. Começo pela Mantiqueira.

 

 

A cidade de Monteiro a trinta quilômetros de SJC já tem um ar respirável e não este aqui de refinarias, dutras e tudo o mais com afluentes do Paraíba, mortos.  Não cuidamos de nossas cidades, o Parque da Cidade Roberto Burle Marx é um oásis em SJC. Quiçá um dia deixo estas terras e me estabeleço num canto da Mantiqueira.

 

 

Caminhar, eis nosso destino, ainda mais nesta primavera com jeito de verão. Quando você ler este escrito será horário de Verão. Deverei estar numa escola feliz da vida dando minhas aulas, a vida não é ilusória, é real. E a náusea, dor de cabeça, sinusite, sempre a me acompanhar, dizia o rei: “Corte-lhe a cabeça”.

Mas quem de nós tem cabeça ou liderança neste Brasil? Isto já não me contamina. As notícias diárias, somos uma nação em silencio! Rebeliões em rede social não bastam, silencio-me. Dedicar a poesia e as artes é um prazer imenso. A política é uma náusea de abusos e desrespeito ao povo Brasileiro.

Será que nossa água é realmente contaminada, como brada um jornalista desta terra? E nos deixa completamente alienados aos desmandos da insonsa classe empresarial e política?

 

 

Caminhei além dos limites do Souza – pensei em cruzar a Mantiqueira em direção a Campos do Jordão, mas não sou Padre Anchieta, meu herói de caminhadas. Ele não sofria de desidratação? Um dia faço esta jornada de Monteiro Lobato a Campos do Jordão. Que ar puro! Voltei e tinha um ônibus para São Francisco Xavier e minha sede por uma cachoeira era grande, a Pedro David (Cachoeira) conheço todas as nuances, cheguei e entrei embaixo da cascata. O ar de São Francisco tem outras nuances, outro grau de pureza. Não sei quando pisarei em Monte Verde?!

 

 

Um amigo diz que em Campos do Jordão tem um vulcão extinto. Outra pessoa já me disse que tem um em São Xico. Não tenho medo de profecias, sigo meu caminho. Morrer nos acontece. Tenhamos fé. E fé tem um imenso trabalho.

Dias de náuseas, pesadelos, sonhos, cansaço e a vida segue. Hoje é sábado seu Vinicius? Preciso recobrar minhas energias para segunda-feira.

Vida quase breve, ouço Tico Santa Cruz, Leio Nydia Bonetti, a poesia dela conquista seu povo. É bordada, costurada. Quero paz, saúde para ler livros, desvendar mundos e adentrar minhas cavernas.

 

 

A Mantiqueira mesmo sob o Sol de deserto, sol escaldante, lavei-me em borracharias, pedi água nas casas. Não achei um canto do Rio para me banhar. Afinal, onde se escondem as cachoeiras de Monteiro Lobato? Em um passado recente fui a algumas, agora sempre fechadas.

 

 

Caminhar, seguir nossa jornada mesmo sobre efeito da náusea. Sagrada Mantiqueira, que o espírito da Floresta nos ilumine, a nós caminhantes, um lindo cavalo me deu sua atenção em SÃO FRANCISCO XAVIER, vida, energia, fé aos caminhantes.

Joka

João Carlos Faria

 

16-10-2017

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