CAPITÃ MARVEL (Captain Marvel)
De Anna Boden e Ryan Fleck, 124 min
Capitã Marvel
Aventura
Direção: Anna Boden e Ryan Fleck
Roteiro: Anna Boden , Ryan Fleck e Geneva Robertson-Dworet
Elenco: Brie Larson, Samuel L. Jackson, Jude Law, Ben Mendelsohn, Annette Bening, Lashana Lynch, Akira Akbar,
Gemma Chan, Djimon Hounsou, Rune Temte, Algenis Perez Soto, Chuku Modu, Matthew Maher, Marilyn Brett,
Lee Pace, Clark Gregg
Nota 4\5
Finalmente, depois de inúmeras produções mostrando seu Universo, a Marvel resolveu nos entregar o primeiro filme protagonizado por uma super-heroína, e ainda contando com um bônus, já que o Roteiro e a Direção têm mulheres dividindo a assinatura.
A escolhida foi Carol Danvers, a poderosíssima Capitã Marvel, que irá ter um papel relevante no vindouro Vingadores 4: Ultimato. A comparação com o longa da Mulher-Maravilha é inevitável, mas os filmes estão longe de ter a mesma abordagem, tirando o fato de serem protagonizados por heroínas vindas das HQs. Diferentemente da (também ótima) película da princesa guerreira de Themyscira, da Warner, esta produção da Marvel tem uma abordagem mais humana, contando uma origem de forma não ortodoxa, o que difere do que já se tornou batido nos filmes de super-heróis. Apenas na segunda metade da trama ficamos sabendo como ela se tornou tão poderosa, e essa origem não-linear se mostrou
uma decisão acertada, enriquecendo a trama.
A já conhecida vinheta de abertura da Marvel emociona, pois trás imagens do imortal ícone dos quadrinhos, o para sempre saudoso Stan Lee. Sim, Capitã Marvel é um representandte do empoderamento feminino, e isso já o coloca num patamar de grande importância, mesmo que sua narrativa não seja perfeita e que ela não tenha uma identidade tão forte como o excelente Pantera Negra.
A trama nos mostra que a Capitã Marvel pode ser poderosa, mas que ele vai encontrando cada vez mais sua verdadeira força ao se aproximar de sua própria humanidade. Carol Danvers, simples humana, supera Vers, a guerreira Kree. A mensagem feminista se faz presente, mas de forma mais cautelosa do que vimos na mensagem deixada por Pantera Negra, que trouxe uma crítica social mais profunda.
A trama começa num ritmo mais cadenciado (apesar das cenas de ação presentes desde o início) e vai ganhando força ao longo da história, e adapta de forma muito competente a origem da heroína aos nossos tempos. Após escapar de uma emboscada dos Skrulls, ela acaba parando em nosso planeta, e é aí que a história realmente engrena. E de bonus temos o fato de que ela se passa nos divertidos anos 90. Deu até vontade de ouvir Nine Inch Nails depois de assistir ao filme! Ou de alugar uma fita VHS…
Brie Larson, acostumada a papéis dramáticos como no ótimo “O Quarto de Jack”, que lhe rendeu um Oscar, se mostra muito à vontade em sua estreia em filmes de super-heróis, e entrega um atuação muito convincente, trazendo densidade à sua personagem. Já Samuel L. Jackson é um show à parte, mostrando um Nick Fury mais divertido do que nunca, sendo o responsável pelos alívios cômicos da trama. E os amantes de felinos se deliciarão com a presença de Goose, a gata/flerken que nas HQs se chama Chewie, em homenagem ao Chewbacca, de Star Wars. Aqui foi rebatizada para Goose, numa homenagem ao personagem Nick “Goose” Bradshaw, do filme clássico Top Gun, em alusão ao fato de Carol Danvers ser uma piloto de caças.
Ben Mendelsohn está ótimo como Talos, o principal Skrull na trama, e tem como aliada de sua atuação a incrível maquiagem que o transformou num alienígena mais que verossímel. Jude Law (que vive o Kree Yon-Rogg), Lashana Lynch (que interpreta Maria Rambeau, ninguém menos que a mãe de Monica Rambeau, que é uma das personagens que assumiu o manto da Capitã Marvel nas HQs, usando depois o nome de Fóton) e Annette Bening (que vive Dra. Wendy Lawson) completam o talentoso grupo dos atores principais, com atuações competentes.
Mar Vell também está no filme, mas dizer quem interpreta o Capitão Marvel original das HQs seria dar um spoiler imperdoável, além de estragar uma grande surpresa.
Os Efeitos Visuais não são dignos de Oscar. Se são impressionantes no rejuvenescimento de Samuel L. Jackson, o mesmo não se pode dizer das cenas de ação ou em ambientes espaciais ou de alta tecnologia, como no da Inteligência Suprema Kree, onde se percebe claramente o uso da computação gráfica.
O Design de Produção, de Andy Nicholson, poderia ter sido mais inspirado, pois pouco explora o incrível visual da superavançada civilização Kree, chegando a ser um desperdício.
A Trilha Sonora faz lembrar Guardiões da Galáxia, com hits de Garbage, Elastica, Hole, Nirvana, R.E.M., No Doubt… não tem como não agradar os saudosistas dos anos 90!
Não espere por longas cenas de batalhas pois não é sobre isso o foco do filme da mais poderosa heroína do Universo Marvel. O que Carol Danvers busca vai muito além, e é notável também que o roteiro faça referência à crise dos refugiados que tanto se faz presente nos dias atuais.
“Capitã Marvel” não é brilhante, mas é um filme muito bom e competente, que vem para conquistar com méritos o seu lugar de direito no panteão de produções do estúdio da Casa das Ideias.
Não perca as cenas pós-créditos…
Você não perde por esperar, Thanos!
DALTO FIDENCIO
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